Jurídico

Silval e deputados recebiam propina no Detran de empresas de lacre e gravame

Relatou o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) em delação à Procuradoria Geral da República um esquema envolvendo “empresa de lacre” no Departamento Estadual de Trânsito (Detran/MT). A íntegra da delação foi divulgada nesta sexta-feira (26).

Aproximadamente no ano 2011, Silval Barbosa conta que foi procurado em seu escritório por um servidor de alto escalão, que trabalhava na Casa Civil.

Na ocasião, conta que foi informado que existiria um esquema de retomo ilícito de valores relacionados à empresa que gerenciava o sistema de lacre do Detran para o deputado Mauro Savi, que se utilizava de uma empresa de consultoria para receber tais valores .

Na mesma assentada, foi indagado ao irmão de Silval, Antônio Barbosa, se Mauro Savi repassava tais valores a alguém ligado ao então governador, pois segundo o servidor Mauro Savi a todo tempo dizia que repassava parte da propina que recebia ao governador Silval Barbosa, deixando claro ali que se não existisse repasse o mesmo poderia começar a ser feito diretamente a Silval.

Foi aí que Antônio Barbosa indagou ao seu irmão sobre a ocorrência de tais fatos, tendo Silval respondido que ninguém estava repassando nada . A partir daí, Silval determinou que seu irmão passasse a receber os valores oferecidos e encaminhasse a parte que cabia a Mauro Savi.

Antônio Barbosa chegou a receber umas duas ou três vezes repasses em dinheiro em espécie. Os valores recebidos foram de um total aproximado de R$ 210.000 . Após terminado o período, foi procurado por um dos sócios da empresa de lacre, sendo que a partir dali os repasses passaram a ser feitos diretamente por um representante da empresa, sempre em espécie.

Os repasses feitos diretamente pela empresa giraram em tomo de R$ 400 a 500 mil, dos quais a metade era entregue pelo colaborador Antônio ao deputado Mauro Savi, em espécie.

Empresa FDL

Em meados de 2010, compareceu espontaneamente no escritório de Silval Barbosa, um representante do então deputado federal Pedro Henry, indagando se o colaborador Antônio Barbosa tinha conhecimento acerca do retorno da empresa FDL, que prestava serviços de gravames de veículos ao Detran.

Antonio Barbosa, então, teve um encontro com o ex-deputado federal Pedro Henry, que lhe esclareceu detalhes de como funcionavam os serviços prestados pela empresa FDL e como seria feito o pagamento de propina caso ele aceitasse.

Na reunião lhe foi explicado que uma empresa de Brasília (FDL) tinha a concessão, e repassava a propina através de uma empresa prestadora de serviços em Cuiabá, por meio de laranjas dos políticos beneficiados pelo esquema .

Dentre os beneficiados, estavam os deputados estaduais Mauro Savi e Eduardo Botelho, além do ex-deputado Federal Pedro Henry.

Assim que aceitou receber os valores, após a reunião com o Pedro Henry, o colaborador recebeu no primeiro mês a importância de R$100.000,00, que se repetiu mais uma vez no mês  seguinte a mesma importância. Foi a partir daí que Silval indicou uma terceira pessoa para receber os valores em seu nome.

A partir daí os valores passaram a girar em tomo de aproximadamente R$ 80 mil líquidos mensais, valores estes utilizados para parte do pagamento dos valores devidos pela compra da fazenda AJ, que era do então conselheiro do TCE Antônio Joaquim.

Redação

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