A péssima situação no trecho que liga a aldeia Halaytakwa – onde vivem cerca de 1.500 índios da etnia Enawenê-Nawê e a MT-174 provocou um manifesto iniciado no último dia 2 sobre a ponte do Rio Juruena – na MT-170 localizada a 660 km de Cuiabá. Segundo o prefeito de Juína, Hermes Bergamin, a escolha do local do protesto deve-se ao fluxo de veículos, já que os índios estão cobrando R$ 100,00 por automóvel, ônibus ou caminhão e R$ 50,00 por moto.
“O trecho com problema não apresenta fluxo para a arrecadação pretendida”, pontua. Cerca de 150 índios permanecem na ponte até o momento, prometendo não sair e trancar o fluxo em definitivo, onde, nem pagando, veículo algum poderá passar.
Tal cenário deixa claro que a explosão de uma crise maior é iminente, já que o tráfego sobre a ponte é intenso e obrigatório para quem sai do município de Juína no sentido Campo Novo do Parecis. O prefeito da cidade não poupa críticas ao governador Silval Barbosa, que é inclusive seu companheiro de partido e profetiza que um embate desta natureza pode levar inclusive a consequências violentas.
“O governador Silval Barbosa simplesmente virou as costas para o problema e seu secretário de Pavimentação não cumpre com o documento que assinou se comprometendo com as benfeitorias necessárias”, criticou Bergamin em entrevista ao Circuito Mato Grosso na última quarta-feira, 8. “Será preciso que alguém seja feito refém pelos índios ou que sangue seja derramado para que o governo resolva a situação? Eu, como prefeito, não posso permitir que as portas da cidade estejam fechadas, obstruindo o direito de ir e vir e provocando prejuízos enormes”, desabafa o prefeito que é conhecido por ser muito próximo aos índios da região. “Eles jamais proibirão a minha passagem, mas e o povo?”, desabafa.
Cinésio promete e mais uma vez não cumpre
Depois do registro em ata prometendo que tudo estaria resolvido até 15 de setembro, o ofício, sob número 929/2014 expedido pela Septu para a vice-governadoria assinado pelo secretário de Estado Cinésio Oliveira informa que a secretaria realizará a intervenção no trecho que conecta a aldeia dos Enawenê-Nawê à BR-174 por meio de patrulha rodoviária da Septu, comandada pelo próprio autor do ofício.
Detalhe: no documento ele informa inclusive a data de início dos trabalhos, 01/10/14, o que até o momento não aconteceu. Teria o pedido formal sido negado pelo vice-governador Chico Daltro, que acumula seis funções ao mesmo tempo? Enquanto isso, os índios seguem ameaçando com a obstrução da ponte de Juína, num trecho que nada tem a ver com o problema.