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Silenciados por Fux, ministros devem usar sessão de condenação de Bolsonaro para rebater colega

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux escancarou um acordo feito nos bastidores da Primeira Turma para que não houvesse interrupções durante os votos e ainda o fez criando rusgas com os colegas ao repreender Flávio Dino. A mensagem foi recebida sem ruídos pelos seus pares, que permaneceram impassíveis na sessão de quarta-feira, 10, quando Fux esgarçou ainda mais as relações na Turma ao votar por mais de 12 horas.

Nesta quinta-feira, 11, quando deve sair a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus, não deve haver o mesmo silêncio. Primeira a votar nesta quinta-feira, Cármen Lúcia cochichou diversas vezes ao pé de ouvido com Alexandre de Moraes, que não escondia em seu semblante a contrariedade com a postura do colega. Advogados dos réus e um servidor com trânsito amplo entre os ministros relataram ter a expectativa de que a cordialidade silenciosa da última sessão dê lugar a uma demarcação de divergências em alto e bom som.

Dino foi mais irrequieto que os demais colegas e fez um breve comentário durante o voto de Fux – ponderação essa que nem chegou a ser vista como uma violação do voto de silêncio imposto pelo par que se senta ao seu lado, mas sim uma provocação demonstrando sua profunda discordância com a postura do magistrado.

Ao solicitar a terceira pausa do dia para prosseguir com a leitura do seu voto de mais de 400 páginas, Fux foi questionado por Dino se havia condenado o tenente-coronel Mauro Cid. O ministro havia passado a uma hora anterior expondo os motivos para pedir a condenação do ex-ajudante de ordens da Presidência. Na sequência, Dino mostrou que não se tratava de falta de atenção ou desrespeito ao colega, mas de um recado. “Então, Vossa Excelência vai condenar Cid e livrar o resto?”, questionou.

Cutucões como este devem ser mais frequentes na sessão desta quinta-feira, contudo sem ter Fux como interlocutor direto. Os ministros devem dialogar entre si durante os votos de Cármen e Cristiano Zanin para fazer os apartes que não foram possíveis de serem feitos no dia anterior. Desta vez, porém, Fux deverá seguir em silêncio já que cobrou o cumprimento do acordo pelos colegas.

Estadão Conteudo

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