O documento compartilhado com diversas instituições é referência e reúne ações de prevenção e combate a incêndios da maior Reserva Privada do Brasil
Por Assessoria/Sesc Pantanal
O Plano de Manejo Integrado do Fogo (PMIF) da maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil, a RPPN Sesc Pantanal, é o primeiro entre RPPNs de Mato Grosso e está disponível para ser acessado por outras iniciativas que planejam implantar estratégias de prevenção e combate a incêndios no bioma e buscam por uma referência. O documento foi elaborado de forma participativa e reúne avançadas estratégias utilizadas em várias partes do mundo e em outros biomas brasileiros, como a queima prescrita, com o trabalho já consolidado ao longo de quase 30 anos pelo Sesc Pantanal, Polo nacional do Sistema CNC-Sesc-Senac.
A Plano foi entregue na versão impressa para o Ministério do Meio Ambiente, Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT), o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável por aprová-lo por meio da Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação (Ofício N°455/2024/DIMAN/GABIN/ICMBio). O ICMBio é a instituição que possui a expertise de aplicação do Manejo Integrado do Fogo (MIF) no Brasil. A versão on-line está disponível em www.sescpantanal.com.br.
De acordo com a gerente-geral do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Cristina Cuiabália, o PMIF é um marco na prevenção a incêndios no bioma, considerando os períodos cada vez mais secos registrados nos últimos anos. “A integração é o grande diferencial para proteger o Pantanal de grandes incêndios. Temos ampliado as técnicas de prevenção e a queima prescrita é uma delas. Por isso, a expectativa é muito positiva, pelos resultados já obtidos em outros biomas e experiência já adquirida na RPPN”, destaca.
A RPPN possui 108 mil hectares e está localizada em Barão de Melgaço (MT). O bioma tem apenas 5% de área protegida em Unidades de Conservação. Deste total, 1% corresponde à RPPN Sesc Pantanal, que faz parte do Polo Socioambiental Sesc Pantanal.
O PMIF foi realizado em parceria com a Fundação Pró-Natureza (Funatura) e apoio do ICMBio e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INAU). O projeto contou com o financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) por meio do Projeto Estratégias de Conservação, Recuperação e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), com as agências Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como implementador e o Fundo Brasileiro de Biodiversidade (Funbio) como executor.
PMIF na prática
A construção de aceiros, a formação de brigadistas e as campanhas anuais contra incêndios fazem parte do Manejo Integrado do Fogo, realizado há quase 30 anos pelo Sesc Pantanal. A novidade desse ano, com o Plano de Manejo, é a queima prescrita que utiliza criteriosamente o fogo no tempo, do modo e nos lugares certos, como aliado na prevenção de grandes incêndios.
A escolha dos locais, por exemplo, inclui a identificação das vegetações mais adaptadas ao fogo, o que contribui para a conservação do local e proteção de ambientes sensíveis ao fogo. Com a queima de algumas áreas, em forma de mosaico, protege-se áreas muito maiores das grandes linhas de fogo, comuns no Pantanal, que são de difícil combate.
Diferença entre MIF e PMIF
O Manejo Integrado do Fogo é uma estratégia nova no Pantanal, mas já utilizada em todos os outros biomas existentes no Brasil e em unidades de conservação dos Estados Unidos, África e Austrália. O MIF reúne um conjunto de técnicas que trabalha com três pilares essenciais: a ecologia do fogo (os principais atributos ecológicos do fogo); a cultura do fogo (necessidades e impactos socioeconômicos) e o manejo do fogo (prevenção, supressão e uso do fogo). Com isso, busca-se compatibilizar as necessidades sociais, as tradições culturais e características ecossistêmicas para a conservação da natureza.
Já o Plano de Manejo Integrado do Fogo é um documento técnico que inclui as ferramentas contidas no MIF, mas feito especificamente para uma área, como é o caso da RPPN Sesc Pantanal. O PMIF considera, portanto, as características da vegetação presentes no local e o como ela reage na presença do fogo. Na RPPN Sesc Pantanal, as pesquisas de flora realizadas ao longo dos últimos 20 anos permitiram o mapeamento das vegetações e, agora, a execução do Plano.
A partir desse primeiro PMIF entre RPPNs, outras instituições também podem se apoiar e elaborar seus próprios Planos. “Assim, avançamos como um todo para o manejo mais adequado do bioma, considerando a ampla diversidade de uso e ocupação dos territórios pantaneiros”, avalia Cuiabália.
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