Servidores de diversas categorias do funcionalismo público do Distrito Federal fecharam o Eixo Monumental no sentido Rodoferroviária próximo ao Palácio do Buriti durante protesto contra a suspensão do pagamento de reajustes pelo governo do DF. Por causa do bloqueio, o trânsito foi desviado para trás do estádio do Tribunal de Contas do DF.
Pouco antes da interdição da via, professores da rede pública fizeram assembleia em frente à Câmara Legislativa e decidiram manter a greve iniciada no último dia 15, apesar de decisão da Justiça ter considerado ilegal a paralisação da categoria.
De acordo com a diretora do Sindicato dos Professores, Rosilene Correa, ao menos 20 categorias participam do ato. "Queremos mostrar com esse ato que não há acordo com o que ele anunciou. Vamos continuar em greve até conseguir uma proposta", disse Rosilene.
"Não podemos aceitar que os sindicatos sejam perseguidos por uma Justiça terceirizada pelo governo. Estamos aqui em busca de dignidade. Eles estão querendo acabar com o servico público. Vamos até o final, haja o que houver", disse o vice-presidente do Sindicato dos auxiliares e técnicos em enfermagem, Jorge Viana.
Por volta das 12h40, líderes sindicais e servidores seguiram em marcha até o prédio do Tribunal de Justiça do DF para protocolar uma ação coletiva de improbidade contra o governador Rodrigo Rollemberg.
Ao falar sobre as greves no Detran e DFTrans, iniciadas nesta terça, o governador disse que o governo conversa com as categorias e que esperar o fim das paralisações em todos os setores.
"A Secretaria de Mobilidade já está em conversa com os servidores do DFtrans para que eles possam retomar as suas atividades. A gente espera que os servidores do DFtrans, como os servidores do Detran e os servidores públicos em maneira geral possam retornar as suas atividades ainda nesta semana”, disse.
Na segunda, o governador afirmou que os servidores públicos em greve estão sendo "coagidos" pelas diretorias dos sindicatos a não prestarem atendimento à população. Ele classificou como "absurda" a decisão das categorias de manterem a paralisação mesmo contra decisão judicial que determinou o retorno imediato ao serviço.
"Se nós não estamos implementando o reajuste nesse momento é por impossibilidade de fazê-lo. Tenho certeza que a maioria dos servidores têm essa compreensão e querem continuar prestando serviços à população, e muitas vezes estão sendo coagidos, impedidos, pelas direções dos sindicatos, porque só quem sofre com isso é a população", disse o governador, após a posse de Joe Valle na Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.
O presidente do Sindicato dos Médicos, Gutemberg Fialho, disse que Rollemberg tem feito declarações "desrespeitosas e mentirosas". "Não tem servidor sendo coagido, os servidores estão aderindo à greve espontaneamente. Precisamos de uma data com retroativos e não pagamento imediato. Agora data sem retroativos não dá."
A enfermeira Sônia Oliveira Silva diz que o ato é importante para união das categorias. "Com todos nós juntos podemos mostrar ao governo como somos fortes. Quem sabe assim ele não vê o erro que cometeu. Não estamos aqui apenas pelo reajuste. Queremos a segurança de nossos direitos."
Reajuste
Na sexta-feira passada, o governador anunciou que o reajuste dos servidores públicos, que deveria ter ocorrido em setembro, será pago integralmente a partir de 1º de outubro do ano que vem. A medida não inclui os retroativos, que não têm data para serem quitados.
“No ambiente de crise, em que o PIB está decrescente, essa é uma grande conquista. Estamos fazendo isso a partir de um grande esforço para garantir a implementação do reajuste. O DF será a única ou uma das poucas unidades da federação que dará aumento no ano que vem”, disse Rollemberg.
O pagamento depende da aprovação de um conjunto de projetos já encaminhados ou que ainda serão enviados à Câmara Legislativa. Ele afirmou que acredita que o Legislativo vai colaborar com o governo. “Esse é um tema de interesse da cidade, e os deputados sabem que estamos fazendo aquilo que é possível.”
O chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, afirmou que o governo espera ter um acréscimo de R$ 500 milhões na receita de 2016 com a aprovação do pacote de projetos enviado ao Legislativo.
Rollemberg declarou que grande parte dos projetos enviados à Câmara são de venda de imóveis em que o recurso entra de uma vez. Ele disse que o pacote será importante para o orçamento do ano que vem, mas que não garante o pagamento dos anos seguintes.
Fonte: G1