O senador José Medeiros (Podemos) não disfarçou a irritação com o parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE) a pedir a cassação de seu mandato por suposta fraude em ata de convenção que escolheu o governador Pedro Taques (PSDB) para a candidatura ao Senado em 2010.
Ao Circuito Mato Grosso, ele disse com todas as letras que acha engraçado Paulo Fiuza contestar as atas somente depois que Taques foi eleito e ele entrou como suplente. “A balela é a seguinte, o cara estava com 1% nas pesquisas e ninguém queria essa suplência, depois que ganhou, todo mundo passou, obviamente, a querer”.
De acordo com ele, Fiuza não tinha “a menor possibilidade” de ser registrado como primeiro suplente porque ele estava registrado como segundo. “É juridicamente impossível, porque o sujeito tinha que ter renunciado a essa suplência, e ele nunca renunciou. Qualquer estudante de primeiro ano de direito sabe disso”, disse.
Ele também afirmou que confia na justiça de Mato Grosso, mas mesmo assim vai contestar juridicamente a denúncia do MPE, porque em ação anterior, Fiuza já tinha alegado isso e a própria justiça havia “dito que ele não pode, mas aí vem com essa confusão depois. Eu era candidato a deputado federal, entrei no lugar do primeiro suplente e ponto. É só isso”, encerrou.
Entenda o caso
Para o MPE, Medeiros beneficiado com fraude na tal ata e para corroborar a denúncia anexou um exame grafotécnico realizado pela Polícia Federal (PF). O documento supostamente fraudado trazia definição da chapa com Taques ao Senado e José Medeiros e Paulo Fiuza, como primeiro e segundo suplentes.
Segundo o jornalista Leonardo Heitor, do site Folhamax, em abril, durante o evento no qual o ex-vice-governador Carlos Fávaro renunciou ao cargo, Medeiros acabou entregando que não assinou o tal documento, mas negou, como agora, participação em qualquer irregularidade. “Eu não tenho nada com aquilo lá. Eu não assinei o 'diabo' de ata”, escreve Heitor, reproduzindo fala de Medeiros.
Ainda de acordo com o repórter, o juiz-membro do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT), Ulisses Rabaneda, deu ontem (29) cinco dias de prazo para as defesas se posicionarem em relação ao parecer do MP. A partir de então, o magistrado emitirá seu voto para ser submetido ao pleno. “Determino a intimação das partes, impugnante e impugnados, para que, no prazo comum de cinco dias manifestem-se sobre a questão de ordem”, decidiu.
A ação investiga suposta fraude na ata de definição da coligação Mato Grosso Melhor Para Você, em julho de 2010. Nela, constava Pedro Taques como cabeça de chapa, o hoje deputado estadual, Zeca Viana (PDT) como 1º suplente, e o empresário sinopense Paulo Fiúza como 2º suplente. Já em agosto do mesmo ano, Viana declinou para concorrer a deputado estadual. Aí começa o imbróglio, pois Fiuza afirma que deveria ter sido promovido à primeira suplência, e não o então policial rodoviário federal José Medeiros, já então segundo suplente.
Não conseguimos entrar em contato com Paulo Fiúza para ouvir a versão dele.