Política

Senador comenta sua ida para o Ministério da Agricultura

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Em entrevista na manhã desta segunda-feira (09.05) para uma rádio local, o senador Blairo Maggi (PR) comentou sobre o convite do Partido Progressista (PP) para assumir o Ministério da Agricultura, caso o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) se concretize nesta semana e o vice, Michel Temer (PMDB) assuma a presidência.

Blairo deixou claro que tudo está acordado, porém, nada é oficial. O senador também falou quais seriam suas principais ações caso assuma o ministério e afirmou que o Estado de Mato Grosso estará relacionado em todas elas, já que é o percursor da agricultura no Brasil.

Além do possível cargo de ministro pelo PP, Blairo também falou a respeito da economia do Estado, analisando como “um erro fatal” a taxação das commodities proposta pelo deputado estadual Wilson Santos (PMDB).

O senador também falou as respeito da ação da Procuradoria Geral da República, que isentou toda e qualquer responsabilidade em relação a Operação Ararath, na qual o seu nome estava envolvido nas investigações.

Confira a entrevista na íntegra:

ENTREVISTA

Se tudo der certo como aponta e cenário politico, até quarta-feira Temer pode assumir a presidência da República e o senador Blairo Maggi pode assumir o Ministério da Agricultura, é isso senador?

Blairo: Na quarta-feira deve haver o afastamento da presidente Dilma pelo Senado e ai um novo governo vai se estabelecer e obviamente as conversas estão acontecendo, já que na quinta-feira um novo governo assume e já tem que começar a trabalhar. E o Partido Progressista (PP) fez um convite a mim para ir comandar o Ministério da Agricultura, em nome do Partido. Eu pensei durante alguns dias na semana, fiz os contatos que deveria fazer e acabei aceitando esse convite e vai depender obviamente a confirmação do convite do Michael Temer quando ele assumir. Politicamente as conversas foram feitas, elas estão acordadas, porém estamos aguardando o anúncio oficial para que isso se confirme e se concretize.

Esse convite para o senhor se filiar ao PP se deu de que forma? Já que o seu primo é filiado ao Partido Progressista, foi ele quem articulou isso ou foi o diretório nacional quem o convidou?

Blairo: Foi um convite do nacional, o próprio presidente do partido que me procurou, aliás, há algum tempo eles vêm conversando comigo sobre a possibilidade de ir para o PP, partido que inclusive eu já militei politicamente. Fui convidado com essa perspectiva de assumir um ministério. O momento que estamos vivendo é um momento muito difícil da economia brasileira e acho que todos aqueles que forem convocados, que forem procurados para ajudar nesse momento difícil não devem fugir dessa responsabilidade. Pra mim seria muito mais tranquilo ficar no Senado onde tenho uma posição tranquila, onde nós fazemos nossa própria agenda, enquanto que num ministério nos teremos que trabalhar muito eu sei que é uma coisa que você acaba não fazendo a sua agenda. Então vou sair de um ponto de tranquilidade, mas sei que tenho que ajudar o meu pais nesse momento.

Eu sei que o senhor tem cautela ao declarar se assumirá ou não por definitivo o Ministério da Agricultura, até porque em política tudo pode acontecer. Quais seriam seus primeiros projetos, seu raio de ação caso venha assumir o Ministério senador?

Blairo: Eu conheço bem essa área porque sou dela e o Estado depende dela também, eu busco coisas muito simples para não errar nunca, que é a questão: o produtor rural precisa de renda, ele não consegue continuar na atividade, ele diminui a atividade dele, do município, do estado, da nação.

O primeiro ponto que nós temos observado é a renda do produtor rural, seja pequeno, médio ou grande, ele precisa entrar no negócio sabendo que ele sairá bem lá na frente, esse é o primeiro ponto.

O segundo ponto é muito importante e é a respeito da insanidade animal e vegetal, que são as regras que estabelecem de como você controla as pragas e as doenças e insumos são necessários para que isso possa ser feito. Existe a preocupação sempre de quartéis, de monopólios de alguns produtos e isso o Ministério da Agricultura tem que atuar com muita transparência e eu entendo que deveremos fazer essa interferência nesse assunto. 

E o terceiro ponto, não é diretamente na agricultura, mas reflete muito, que é a questão da infraestrutura. Sei que não é o ministério que faz isso, mas pode ajudar o governo a articular as decisões na hora de fazer os investimentos, já que o país não tem muito recurso para fazer esses investimentos e devemos priorizar os investimentos nas áreas em que eles estão acontecendo.

E obviamente dentro desses três pontos que eu pontuo que o Estado de Mato Grosso está absolutamente enquadrado nisso.

Com esse cenário, a filiação se dará quando e também a previsão para assumir o Ministério ?

Blairo: Ainda não tem nada decidido, o fato é que se a presidente for afastada na quarta-feira, no máximo até domingo um novo governo estará estabelecido, então vamos aguardar os acontecimentos, depois a gente mexe com essas questões de filiação e tudo mais.

Qual a sua opinião sobre o movimento que mesmo tímido, começa a ser trado aqui em Mato Grosso, que é a possível tributação do estado sobre as commodities, quem assumiu esse discurso foi o deputado Wilson santos (PSDB), qual a sua opinião sobre essa possível taxação do agronegócio aqui no estado senador?

Blairo: Eu acho isso um erro fatal, e vou dizer bem claro, um erro fatal! É matar o único setor da economia brasileira e principal setor da economia mato-grossense, se esse foi o caminho a ser escolhido, não tenha dúvida nenhuma que em poucos anos nós vamos ver o estado de MT diminuir a sua produção e diminuir a importância no cenário nacional. Porque o ganho que o produtor tem é bastante pelo volume que se faz, mas é pouco por unidade de produção, então não é um assunto que deveríamos tratar. Agora, o deputado Wilson santos, a Assembleia Legislativa e o próprio governo têm razão em um ponto, nós temos uma legislação no Estado que até pouco tempo estava permitindo incentivos ao comércio e isso não deve ser feito em detrimento do faturamento do estado de MT, eu acho que essas partes devem ser revistas ao retirar esse comércio. O que é isso, é a possibilidade que os “ferialistas” ou uma indústria tem de mandar para outra unidade da federação brasileira sem custo ou redução de imposto. E isso é maléfico para a economia mato-grossense e o governo vem tirando esses incentivos, vem reenquadramento as empresas e acho que com isso haverá um aumento no ganho do imposto. Agora, se quiserem taxar agro exportações, isso vai ser um erro muito grave porque quem vai pagar a conta não são os importadores, não são as empresas, é o produtor rural, e você terá uma renda menor, tendo renda menor, a atividade econômica vêm sendo diminuída e a era da prosperidade com toda certeza vai desaparecer de todo o estado de Mato Grosso. 

Na semana que passou, a Procuradoria Geral da República o isentou de toda e qualquer responsabilidade em relação a operação Ararath, na qual o seu nome estava envolvido, essa sua avaliação é um atestado de idoneidade senador?

Blairo: Esse é um assunto que eu não comentei desde o primeiro dia, sempre fui muito restrito a esse assunto e sempre achei que meu nome não deveria estar no local onde está. Mas as investigações ocorreram e já se passaram mais de dois anos, e agora a Procuradoria pediu o arquivamento desse assunto e eu obviamente fiquei bastante feliz com isso, mas também não vou ficar repudiando, a vida continua. Quem está na política sempre tem esse tipo de incomodo, a maioria dos parlamentares do executivo tem tido esse tipo de incomodo, eu fiquei bastante feliz, estou feliz, cabeça levantada e vamos pra frente. 

 

Raul Bradock

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