É o caso da obra da Trincheira do Santa Rosa, por exemplo. A construtora responsável pela obra – Camargo Campos S.A Engenharia e Comércio – tem empenhado R$ 32.877.812,00 em 2013, mas só recebeu até agora R$ 2.998.534,00, de acordo com o Sistema Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (Fiplan).
A Camargo Campos terceirizou a FCA Engenharia para a realização de alguns serviços. No entanto, a terceirizada não estaria efetuando devidamente os pagamentos aos trabalhadores, sob a alegação de que não está recebendo os repasses da construtora.
Muitos funcionários, inclusive, já abandonaram o canteiro de obras, alegando que, não bastassem os atrasos quanto ao recebimento dos honorários, a FCA ainda estaria efetuando pagamentos ‘picados’. “O funcionário trabalha certinho, mas chega no dia de receber não recebe. A gente procura o responsável pela empresa e ele vai ‘empurrando tudo com a barriga’, a situação fica insuportável, porque a gente tem família para sustentar. Onde é que já se viu trabalhar e não receber?”, questionou o mestre de obras Pedro Pereira da Costa.
O trabalhador relata que permaneceu na obra somente 45 dias, que é o tempo de experiência. Isto porque ele começou a trabalhar no local no dia 1º de julho e já no primeiro mês recebeu o salário atrasado e ‘pingado’. “A minha remuneração era de R$ 3.500, sendo R$ 2.100 na carteira de trabalho, mas no dia de receber o responsável me entregou R$ 200”, alegou Costa, mostrando indignação com a situação.
Ele explicou, ainda, que permaneceu mais 15 dias do mês de agosto no canteiro de obras apenas para cumprir o contrato de experiência. “Já passamos da metade de setembro e ainda não recebi esses dias trabalhados. Estou com prestação do carro atrasada; esse problema atrasa a vida de nós trabalhadores e por isso perdemos a paciência”, diz.
O ajudante de obras Agnaldo Matos também mostra desespero com a situação. Ele também pediu demissão por não mais suportar os atrasos salariais. “Esse atraso não é de hoje, já houve greves aqui, os trabalhadores estão indignados, e com razão. Chega a um ponto em que a gente precisa pedir a conta”, afirmou Matos. O problema, contudo, é que os profissionais que pediram demissão alegam que a FCA Engenharia estaria retendo a carteira de trabalho dos trabalhadores.
“Veja só: a gente não recebe, sai do lugar, encontra outro emprego, mas não pode trabalhar porque a empresa, além de não pagar o trabalhador, ainda se recusa a devolver a carteira de trabalho. Hoje mesmo um homem que trabalhava na obra veio aqui e armou uma confusão, porque já arrumou outro serviço, mas já está perdendo, porque não apresenta a carteira de trabalho. Teve até polícia aqui, as pessoas acabam perdendo a cabeça”, relatou o ajudante de obras.