Opinião

Sem fim

Saboreiem esta pérola de lei fabricada pelos nossos legisladores (salários de 40 mil reais mensais), e vejam a que ponto chegamos de sofisticação em priorizar nossos problemas.

A Lei Orgânica do Município de Cuiabá tem um artigo tão interessante e oportuno, que parece produto da Escolinha do Professor Raimundo, segundo publicação de um jornal local.

É o número 25 da Lei, que diz que “fica expressamente proibido no território de Cuiabá que edificações públicas contenham a denominação de ‘Palácio’, devendo as já existentes serem alteradas dentro de 120 dias”.

Acontece que esses 120 dias venceram em abril de 2011.

Gostaram da preocupação do legislador que, ao que tudo indica só ele conhecia a moralizadora lei que não foi cumprida?

Como Cuiabá é uma cidade sem problemas, os nobres e super-hiper-remunerados representantes do povo (40 mil reais de salários mensais), se preocuparam com a história da nossa eterna capital de Mato Grosso.

O Palácio da Instrução (centenária construção e a mais bela da cidade), Palácio Paiaguás, Palácio Alencastro, Palácio da Justiça, entre outros, não poderão mais ser designados assim.

Daqui para frente deverão, com toda a certeza, serem batizados com nome de um grande estadista deste Estado, rico em homens ilustres, especialmente os que por aqui chegaram para ajudar no crescimento do nosso território e seus patrimônios pessoais.

Não precisamos de cursos de ciências ocultas para saber quem serão os homenageados segundo a Lei Orgânica do nosso município para enfeitarem placas de bronze desses prédios públicos.

Será mais uma das lambanças neste abençoado “Paraíso do Centro da América”, tão bem descoberto pela Escola de Samba da Estação 1ª de Mangueira.

Para o jornalista Marcos Antonio Moreira uma lei orgânica dessa se fosse feita no Paraguai, daria cadeia perpétua ao legislador.
 
Por aqui a lei não é cumprida como centenas de outras, e ninguém fala ou comenta sobre o assunto que envergonha uma cidade berço da nossa civilização, e que tanto orgulho já deu à nossa gente.

Será que nenhum dos novos legisladores de 40 mil reais mensais não poderia apresentar um novo projeto de lei, anulando, pelo menos, essa excrescência do artigo 25, o último da lei?

O benefício à inteligência deste povo seria imenso.

 

Gabriel Novis Neves

Redação

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