A pré-candidata e ex-juíza, Selma Arruda, que atuou na Sétima Vara Criminal do Fórum de Cuiabá e foi responsável pelos processos mais importantes do Estado que tratam de esquemas de corrupção de ex-governadores e secretários de Estado, afirmou ser a favor da liberação de armas para a população e que as Leis brasileiras não são suficientes para conter a violência. Selma, no entanto, ponderou sobre quem poderia portá-las. Aberta às perguntas feitas durante uma coletiva de imprensa, nesta quinta (5/4), a ex-juíza deixou claro que violência é uma questão de “educação moral”.
Selma Arruda foi categórica ao rechaçar a atual Constituição Federal, e disse que a legislação foi “feita para a Noruega, porque para o Brasil não serve”. A magistrada aposentada classificou a lei e o Estado como hipócritas quando o tema foi a posse de armas por parte dos cidadãos.
Ela disse: “Quando você tem uma lei hipócrita que prega o desarmamento, e um Estado mais hipócrita ainda, que não consegue conter quem anda armado, você deve regularizar o armamento para as pessoas de bem também poderem andar armada. Hoje, eu sou uma pessoa de bem, uma pessoa comum, você, não pode andar armado. Mas o cara que te assalta na esquina pode, e o estado não tem prazo para poder conter isso. Então, a lei é muito bonita no papel, como vários dispositivos da constituição são muito bonitas no papel, mas elas são hipócritas, elas não são aplicadas”.
Segundo ela, a “saída” é armar as “pessoas de bem”, para que tenham “direito de se defenderem”. No entanto, a liberação estaria restrita àqueles que não possuem antecedentes criminais. “Se você perceber os índices de violência, não propriamente assalto e roubo, mas violência doméstica, de homicídios, a grande maioria acontece sem uso de arma de fogo. Acontece com faca, acontece com pedaço de pau, com garrafa. E aí vamos proibir o engarrafamento? Vamos proibir o uso de pedaço de pau? Não. não é o objeto que faz o crime. O que faz o crime é o comportamento das pessoas”, pontuou.
Questionada, a juíza aposentada não escondeu sua decepção com o sistema prisional brasileiro, ressaltou que é falho e que audiências de custódia colaboram para que os acusados confiem em impunidade pela Justiça. “O estado não pode jogar as pessoas lá em jaulas e achar que elas vão sair melhores”, comentou.
“Essa questão prisional deve ser atrelada a orçamento e, inclusive, Lei da Responsabilidade Fiscal. Os governantes não gostam de investir em unidades prisionais, em tratamentos de intoxicação, não gostam de investir em coisas que não dá voto. Eles gostam de ponte, que dá voto, gostam de estrada, que dá voto, estádio, coisa grandona aí pra copa. Isso tudo eles gostam de fazer. Mas não dá do jeito que está. O Brasil é um Estado de leis de puxadinho, se não deu certo, faz um puxadinho”, finalizou.
Defensora da moral e bons costumes
A magistrada aposentada também já comentou temas considerados polêmicos no meio político. Na coletiva, ela chegou a criticar programas de auxílio social, como o Bolsa Família. “Alguns [programas sociais] são ótimos, outros são paternalistas, outros não ensinam a pescar e só dão o peixe pronto. Bolsa família é um deles”, limitou-se a dizer.
Filiada a um partido conservador, a pré-candidata também é conhecida pela defesa da moral e da família. Em uma avaliação do tempo atual, ela comentou que problemas sociais podem ter origem na educação moral dada pelos pais.
“Hoje, eu sou uma pessoa que vi uma mãe chegar lá pra mim e falar: ‘doutora, dá conta desse menino, porque eu não consigo’. Isso tem que mudar. O que tem que acontecer é cada família tomar para si a educação moral e ética de seus filhos, porque, se isso acontecer, a gente não vai ter os problemas sociais posteriores”, ponderou.