Cidades

Seja um bom velhinho: adotar uma cartinha é um ato de amor

“Vou aliviar a dor e não perder as crianças de vista”, diz o Rappa na canção Não Perca as Crianças de Vista’. E não perder o foco nas crianças é exatamente o que a campanha Papai Noel dos Correios vem fazendo há 25 anos em todo o Brasil. Alimentando sonhos, ajudando crianças em situação de vulnerabilidade social que veem na magia do Natal seus sonhos multiplicados e descritos em letras tortas nas cartas direcionadas ao bom velhinho.

Em 2015, foram mais de 16 mil cartas escritas por crianças e enviadas ao Papai Noel em Mato Grosso. Dessas, 13.500 foram atendidas. Este ano a campanha começou em 11.11 e segue até 18.12. De acordo com o coordenador Gilmar Ivens Ribeiro, 12.200 cartinhas já foram recebidas este ano. “De 85% a 90% das cartinhas são apadrinhadas, porque são pedidos variados e a gente sabe que tem pedidos que ficam impossibilitados de atender”, explica.

As cartas são escritas de maneira individual pelas crianças, com apoio de escolas e creches ou até mesmo de familiares. Elas ficam abertas e disponíveis para leitura e apadrinhamento em qualquer agência dos Correios e, no caso de Cuiabá e Várzea Grande, com o apoio também do Ganha Tempo.

As cartinhas ficam à disposição para leitura e caso a pessoa se identifique com alguma criança pode apadrinhar e comprar o presente – que também é coletado nas agências. “A pessoa tem a oportunidade de escolher, levar a cartinha, comprar o presente e trazer que os Correios fazem a entrega. O presente vai de uma forma anônima acompanhada de uma cartinha do Papai Noel. A criança não sabe quem está dando”, conta Gilmar.

Além da magia do Natal, a campanha contribui de maneira social a serviço da educação, incluindo cartas de crianças das escolas da rede pública de ensino (até o 5º ano do ensino fundamental) e de instituições parceiras, como creches, abrigos, orfanatos e núcleos socioeducativos.

Ao redigir a carta, a criança é estimulada em sala de aula, descobrindo o prazer em escrever. Outro aprendizado é sobre como endereçar, o uso do CEP e do selo postal. A solidariedade é a palavra chave desta iniciativa que mobiliza empregados e a sociedade em prol da felicidade das crianças e da magia do Natal.

Ainda de acordo com o coordenador, além da educação, o objetivo também é alimentar a magia natalina na cabeça das crianças. “Os correios têm um objetivo, uma fundamentação nessa campanha, que é cumprir uma das metas do milênio, a educação. O outro objetivo é justamente alimentar a magia do Natal na cabeça das crianças, pois esse período logo passa e a magia do Natal tem que ser alimentada em nossas crianças”.

A CAMPANHA

O ato de escrever uma cartinha com um pedido de Natal ao Papai Noel é parte da cultura mundial. Diante desta situação é frequente o recebimento de cartas direcionadas a Noel pelos Correios, mas, onde o Noel mora? Há diversas teorias de como a história foi criada ou inspirada, mas uma coisa é certa, a figura da generosidade e bondade do velho está presente na cabeça de cada um e é nisso que se estabeleceu o foco da campanha dos Correios. Qualquer pessoa pode ser Papai Noel e realizar o ato de alimentar a magia do Natal presenteando uma criança.

Diante do número de cartas que chegavam, a campanha começou timidamente, apenas com envolvimento de funcionários dos Correios. Com o passar dos anos o movimento foi ganhando corpo e hoje em dia abrange todo o território nacional.

Qualquer criança pode escrever assim como qualquer pessoa pode doar, mas o foco principal da campanha são crianças de regiões periféricas e que estão em situação de vulnerabilidade social. “O foco principal são crianças que vivem em situação de risco e de extrema pobreza. Mas isso não quer dizer que outras crianças não possam receber. Porque nós deixamos a carta aberta e é a pessoa quem vai escolher. Então é de acordo com a carta que você se identificar”, ressalta o coordenador da campanha em Mato Grosso. real6

O pontapé inicial foi realizado em 11 de novembro e a campanha segue até o dia 18 de dezembro. As entregas dos presentes ‘do Papai Noel’ devem seguir até 23 de dezembro. “A pessoa compra o presente e devolve na agência; o correio levará para a criança na escola ou na residência. Nós trabalhamos com dois públicos, as associações como escolas e creches e têm as cartinhas que são escritas pela criança com o endereço próprio, ai o carteiro leva até a casa da criança”, ressalta o coordenador.

Gilmar conta que há casos excepcionais em que grupos organizados e empresas se reúnem para apadrinharem cartas e mudar o foco das festas de finais de ano. Trocando, em algumas vezes, o amigo oculto pelo Papai Noel revelado. “Também tem casos de empresas e grupos que mudam o foco das reuniões de fim de ano, como o amigo oculto, por exemplo. As empresas vêm e apadrinham cartas. Eles dividem entre os funcionários, fazem a confraternização e trazem o presente”.

Ele também relata que os Correios fazem um trabalho de orientação aos responsáveis pelas instituições e grupos para que acompanhem as crianças no ato de escrever a carta, orientando-as a pedirem o que irá ajudar em necessidades. Esse ato evita que a criança peça coisas impossíveis de serem realizadas, contribuindo para que mais pedidos sejam atendidos. Nesse sentido, há muitas ocorrências de crianças que pedem alimentos, roupas e materiais escolares.

HISTÓRIAS

Quando perguntado sobre histórias que marcaram seu trabalho nesses anos de Correios, Gilmar Ivens Ribeiro fitou o horizonte como se procurasse dentre as várias histórias presenciadas, uma que pudesse ser relatada.

“Eu já adotei algumas cartas. Com o tempo a gente vai acumulando histórias e tem cartas que realmente te surpreende. Já vi cartas que crianças pedem alimentos, pedem sapatos para o pai que não tem para ir trabalhar, então, são muitos os tipos de pedidos”, conta.

Ele explica que um caso marcante não se refere a uma criança, mas sim a um jovem que estava preste a servir o exército. Na carta escrita pelo garoto, que mora em uma região periférica de Cuiabá, ele pedia em linhas de desespero e esperança uma ajuda para a mãe idosa, que ficaria sozinha quando ele partisse para o quartel. “Ela não tinha nem fogão para cozinhar. Os alimentos, quando tinha, eram preparados no chão”, relata Gilmar.

“Graças a Deus nós conseguimos atender ao pedido dele. Além do fogão, conseguimos mais móveis para a casa, roupas, e alimentos. Não foi apenas uma ação pequena, houve um grupo de pessoas que se reuniram e atenderam ao pedido”, ressalta Gilmar.

A Campanha Papai Noel dos Correios é realizada todos os anos com o objetivo de levar sorrisos às crianças que têm, no Natal, um ingrediente a mais para se ter esperança. A expectativa é que os números deste ano superem os de 2015 tanto em pedidos, quanto em números de presentes.

Serviço: As cartas podem ser encontradas em qualquer agência dos Correios, onde os presentes também serão coletados. A campanha segue até 18 de dezembro. Qualquer pessoa pode apadrinhar uma carta.

Raul Bradock

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