Cidades

Saúde reúne especialista e profissionais para debater ações de enfrentamento à hanseníase

Secretários adjuntos, unidades especializadas e técnicos de diversos setores da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) se reuniram no sábado (30.11) com o professor do Instituto Lauro de Souza Lima e médico consultor da ONG AAL Institute, Jaison Barreto. A proposta da reunião foi alinhar as ações vigentes em Mato Grosso e previstas para 2020 por meio do Plano Estadual Estratégico de Enfrentamento da Hanseníase.

Durante o encontro, os profissionais do Estado e Barreto discutiram os trabalhos realizados em Mato Grosso e que visam ao alcance das metas do plano – como o diagnóstico precoce da hanseníase, a redução dos casos da doença em menores de 15 anos e a diminuição do avanço da enfermidade para incapacidade física e deformidades.

“Nosso Estado é recordista no diagnóstico e precisamos continuar assim. Agora, a gente quer otimizar as demais ações relacionadas às demandas de resistência ao tratamento, cirúrgicas e de internações, porque o preconceito e a falta de informação ainda dificultam a eficácia do tratamento”, explica o secretário adjunto de Atenção e Vigilância em Saúde da SES-MT, Juliano Melo.

Para enfrentar o preconceito e a desinformação, Jaison Barreto defende a disseminação de conhecimento, em primeiro lugar, na Atenção Primária, que é onde o possível doente terá o primeiro contato. O médico entende que o profissional precisa estar preparado para receber uma pessoa com hanseníase, no entanto, o que acontece, segundo ele, é que os gestores relutam em tratar este paciente.

“A hanseníase é pouco contagiosa, mas o preconceito é altamente contagioso e, muitas vezes, o profissional da saúde passa isso para o paciente. Agora, se o profissional tem preconceito em relação à doença do paciente, quem dirá ele [o paciente] com relação à família? A hanseníase é uma doença tratável e curável, como tuberculose e qualquer outra doença infectocontagiosa. Precisamos qualificar os nossos profissionais da saúde para entender isso. Temos que sair da idade das trevas, onde o paciente era isolado e tirado do convívio social. Essa época já passou”, diz o professor.

Para romper com esse mito enraizado por décadas na sociedade, a SES-MT prevê capacitações de profissionais dos municípios das 16 regiões de saúde mato-grossense, além de um trabalho integrado que inclui Estado e Município.

“Mais de 600 profissionais da saúde já foram capacitados de agosto deste ano até agora em vigilância, diagnóstico e atenção à hanseníase. Eles participaram de aulas teóricas e práticas, com a avaliação de casos clínicos”, informa a coordenadora de Atenção às Doenças Crônicas da SES-MT, Ana Carolina Landgraf.

Apoio Federal

Concomitante ao Plano, Mato Grosso ainda conta – para auxiliar no fortalecimento do enfrentamento à doença – com um apoio do Governo Federal, que disponibilizou uma profissional apoiadora das ações do Estado voltadas aos municípios mais endêmicos.

“O Ministério da Saúde selecionou 20 municípios de Mato Grosso para eu auxiliar na criação dos Planos Municipais de Enfrentamento à Hanseníase. Esse plano seria baseado na estratégia nacional, com o apoio do Estado, para que seja executado nesses próximos quatro anos. Meu apoio principal seria subsidiar a construção dos planos junto aos municípios e prestar assessoria técnica. Já temos 18 planos criados, número expressivo e considerado bom porque demonstra interesse dos municípios”, explica Raissa Alencar, apoiadora do programa em Mato Grosso.

Aproveitando esse momento em que o Ministério enviou uma apoiadora, Raissa conta que irá somar com a SES no que o Estado já vem executando dentro do plano. “Vamos traçar novas estratégias para melhorar as ações que já vem acontecendo, de forma que tenhamos um bom resultado”, diz. O projeto é nacional, tem a duração inicial de 12 meses e contempla, além de Mato Grosso, Goiás, Pará, Bahia, Piauí e Maranhão.

Ainda participaram da reunião a Secretaria Adjunta de Gestão Hospitalar, técnicos do Centro Estadual de Referência de Média e Alta Complexidade de Mato Grosso (Cermac), do Laboratório Central de Saúde Pública de Mato Grosso e das Superintendências de Vigilância em Saúde e de Atenção à Saúde.

Redação

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