Um dos agravantes que não é de exclusividade do Estado, mas de todo o país, é a saúde pública. Diversos postos de saúde, policlínicas e hospitais se encontram em estado de calamidade pública. Muitas gestões se passaram e pouco foi feito para reverter a situação. Em seu primeiro discurso como governador eleito, Pedro Taques (PDT) afirmou que uma de suas prioridades, após tomar posse, é estudar os reais problemas que agravam tanto o setor, para buscar soluções.
Em Cuiabá, por exemplo, há denúncias de falta de profissionais, medicamentos e leitos, além da situação deplorável das unidades, deixando pacientes à mercê da sorte.
Motorista de carreta de 62 anos, Luiz Leonidio da Silva disse que ele e a família sempre dependeram da saúde pública. Ele revela que falta tudo nos hospitais em que eles se consultam. “Está uma calamidade! Não tem remédio, não tem médico, não tem onde o paciente ficar, não tem nada. Meus parentes já passaram e a gente passa pior, por estar mais velho”.
Ele, que estava em frente ao Pronto-Socorro da Capital (PSM), disse que aguardava informações sobre o sobrinho de 34 anos, que estava há 15 dias aguardando cirurgia após ter sofrido um acidente de moto. Ele analisa que tem de haver mudanças na administração. “A mudança do governo e a mudança total no investimento em tudo. Novos hospitais, mais funcionários, mais verba para receber mais medicamentos. O problema é geral”.
Seo Luiz compartilha a mesma ideia que dona Derluce Andrade, de 34 anos. Ela, que é do lar, acredita que o governo não está investindo devidamente a verba, além da má gestão. “Acho que eles não estão sabendo investir o dinheiro. Porque se investissem em mais médicos, os enfermeiros aí já não atendem bem e há muita burocracia. Se você mora num bairro afastado, tem que ser atendido lá. Agora, se estiver andando no centro e passar mal, você não pode ser atendido aqui. É complicado”.
Dona Derluce contou que teve um agravante na família: sua mãe, de 61 anos, sofreu um AVC e não teve o atendimento necessário, ao chegar no PSM de Cuiabá. “Ela não ficou nem uma hora no hospital. Só deram um soro e mandaram ela de volta pra casa. Que podia ser um sintoma de AVC, mas não diagnosticaram, não fizeram exame, não fizeram radiografia, nada. Aí, depois que ela já tinha perdido a voz, que vieram fazer os exames, mas podiam ter feito antes. Se tivessem feito isso, ela já estaria falando, andando, trabalhando”.
Hoje a mãe de dona Derluce depende dos cuidados da família, como ajuda para se alimentar, tomar banho e se movimentar, para sobreviver.