Cidades

Saúde do trabalhador no matadouro

Os frigoríficos ocupam posição de destaque na oferta de empregos do país. Dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins), afirma que mais de 440 mil pessoas dedicam sua força de trabalho ao setor. Ser um profissional dos abatedouros espalhados pelo Brasil, contudo, tem seu lado obscuro. Em Mato Grosso, Capital do Agronegócio Brasileiro, não é diferente, uma vez que a atividade responde pelo maior número de demandas trabalhistas.

A informação é do procurador do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT) Leomar Daroncho. Segundo ele, a atividade econômica é a maior responsável pelas demandas trabalhistas no Estado, afirmando que “para cada posto de trabalho aberto por algumas dessas empresas, em média dois novos processos trabalhistas são instaurados”, fato que pode explicar a morosidade da justiça em vista do nível significativo de judicialização do setor por meio dos empregados.

“O ritmo e a cadência do trabalho representam riscos aos trabalhadores e o número de pessoas empregadas nesses locais faz com que o problema seja social, principalmente se levarmos em conta outras condições como contato com produtos químicos, ergonomia etc.”, diz ele.

Os recursos que precisam ser investidos nessas ações é outro fator que preocupa. Daroncho afirma que apenas em 2014, 45.600 reclamações trabalhistas foram realizadas apenas contra os três principais frigoríficos do setor. O procurador explica que cada uma dessas demandas representa um gasto mínimo de R$ 4.368. Numa conta simples, diz o representante do MPT, “em torno de R$ 199,1 milhões foram gastos só no ano passado em demandas de trabalhadores que sofreram acidentes ou adquiriram alguma doença trabalhista”.

“Mato Grosso é o campeão de acidentes na área e o setor é o principal responsável pelas demandas da Justiça do Trabalho. Só em 2014 foram 45.600 reclamações trabalhistas, uma alta judicialização”.

Os empresários da área vêm sofrendo sucessivas derrotas na justiça por se recusarem a atender às normas trabalhistas vigentes. Uma das mais recentes, de 24 de fevereiro de 2015, proibiu as horas extras em setores insalubres da JBS e da Minerva, numa liminar solicitada pelo MPT-MT e atendida pela juíza do Trabalho Rafaela Barros Pantarotto, da Vara do Trabalho de Pontes e Lacerda (443 km de Cuiabá).

Essa é a terceira liminar do tipo a atingir uma unidade da JBS, que detém as marcas Friboi e Seara, em menos de um mês no Estado. Todas se baseiam na decisão obtida na ação coletiva que reconheceu a insalubridade nos setores de abate e desossa.

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Diego Fredericci

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