Escrever? Se superar a cada texto simplesmente para agradar a sorumbática cronista encarcerada do outro lado do túnel? São questionamentos de rebordosa de Pluct, Plact, o extra terrestre gente boa.
Pedir, ela não pediu. Não está interessada nos últimos acontecimentos nem para serem elementos de enredo de novela mexicana. Mexicana não. Russa. Daquelas em que não há páginas suficientes para descrever o ambiente em que as peripécias da estória se desencadearão.
Se for pra começar por aí… Choveu de menos, e depois choveu demais. A safra não está lá essas coisas. O verão é mais um verão daqueles depois de um inverno e uma primavera que foram mais quentes que o verão em pauta, se for possível.
O calor é grande, o sol é forte. O mar revolto gigantesco e cheio de valas e correntezas coaduna perfeitamente com a incrível regelante temperatura da água do mar. Está daquele jeito que quando a gente coloca o pé e a marola atinge a canela sente como se tivesse uma bota de gelo nas pernas. O aviso prévio é dado lá em cima, onde o mar se espraiou e jogou sua espuma algumas ondas atrás. A umidade dessa faixa recém lambida é gélida!
A maré está altíssima. Apesar da lua minguante a areia foi gulosamente abocanhada pelo oceano deixando pouco espaço para cangas, cadeiras, barracas e uma babel de línguas e maus costumes.
Sabe o quanto isso interessa para o cotidiano do cidadão que dormiu embriagado dando adeus a 2015 e acordou numa tremenda ressaca, inflacionado, taxado e recessivo em 2016? Quase nada. E o pouco que vale é por ser um dos elementos catalizadores do torpor que domina a massa: nem na praia dá pra ter paz. Só queimaduras originadas no descuido com o sol forte e o vento enganador.
Antes que houvesse tempo para encarar um processo detox para se recuperar do feriado, eis que cai o rei! A rainha de copas já tinha ido pro book no ciclo anual anterior. Mas quem diria que fundo do poço seria o limite dos negócios da China? Aquele fundo do poço tipo sem direito a luz no fim do túnel. O buraco é beeeeem lá embaixo, do outro lado do globo terrestre.
Pelo menos, contará o revoltado ser interplanetário para sua correspondente que, sim, várias tentativas foram feitas para viabilizar a premissa presidencial de que “A questão do equilíbrio fiscal é essencial para o controle da inflação”.
Entre a entrada do bom velhinho pela chaminé e a tentativa frustrada de visitar o Museu do Amanhã (que terminou no final do feriado prolongado do Réveillon), o pontapé inicial das medidas urgentes para conter a crise foi dado! Mudaram o jogo para facilitar os acordos de leniência com as empresas que corromperam, lesaram, fraudaram e roubaram o meu, o seu, o nosso suado dinheiro. Ficam garantidos os investidores e financiadores para as futuras campanhas políticas – falando para os mais ingênuos, ou para dar suporte à viabilidade da continuidade da construção do projeto político em curso, num vocabulário mais, assim, um pouco mais.
Entre a avalanche de aumentos e reajustes, um setor foi claramente beneficiado, segundo a análise fria e calculista, quase sherloquiana, do perspicaz olheiro das galáxias. Com o aumento das taxações para as bebidas e eletrônicos, soltam rojões e foguetes os… costrabandistas! Eles verão seus negócios tomarem rapidamente um novo e revigorante fôlego…
Pra começar o ano, até a cronista convirá, foi um movimento e tanto. Quase uma bomba de hidrogênio!
* Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Crônica da série “Fábulas fabulosas” do Sem Fim…