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Satélite que fará mapa 3D da nossa galáxia é lançado com sucesso

 
O satélite demorou 20 anos para ser desenvolvido e teve um custo de um bilhão de euros. O aparelho fará um mapeamento de cerca de um bilhão de estrelas e um atlas em três dimensões da Via Láctea que ajudará a compreender a origem e a evolução de nossa galáxia.
 
O foguete russo decolou às 7h12 (de Brasília) do Centro Espacial Europeu de Kuru, na Guiana Francesa, a bordo de um foguete russo Soyuz, e transcorridos 41 minutos e 59 segundos da decolagem os cientistas deram por concluída a missão de lançamento em meio a aplausos, abraços e expressões de alívio.
 
A partir daí, Gaia vai realizar o maior censo cósmico  e ainda mapear as posições, movimentos e características de estrelas. A missão vai durar no total de cinco anos, talvez seis, durante os quais o telescópio-satélite localizará um bilhão de estrelas, cada uma das quais será observada setenta vezes. Em mais de 99% delas, nunca se estabeleceu com precisão sua distância com relação à Terra.
 
"Em menos de dois anos teremos um catálogo de todo o céu", antecipou François Mignard, encarregado da participação francesa no projeto Gaia. Trata-se do sexto foguete Soyuz lançado da Guiana Francesa, o segundo em 2013.
 
O telescópio-satélite Gaia foi construído em Toulouse (sul da França) pela empresa Astrium por encomenda da Agência Espacial Europeia (ESA)
 
Gaia se posicionará a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, em um local privilegiado – o ponto de Lagrange 2 -, que tem como uma de suas vantagens possuir um entorno térmico estável, e descreverá uma órbita elíptica para evitar os eclipses do sol pela Terra.
 
O telescópio permitirá fazer um mapeamento tridimensional da Via Láctea, um atlas do céu, e também reconstruir a história da formação e evolução da nossa galáxia. Isto possibilitará aos astrofísicos fazer "arqueologia galáctica", segundo Mignard.
 
Gaia nos permitirá "compreender melhor qual é o nosso lugar no universo", resumiu Catherine Turon, membro do Observatório de Paris.
 
A herança de Hiparco
 
O fundamental da missão Gaia consiste em determinar a posição e o movimento das estrelas, mas também sua distância, o parâmetro mais difícil de obter, uma vez que a mais próxima se encontra a quase 40 bilhões de quilômetros. Gaia dará continuidade à tradição europeia do mapeamento estelar, herança do astrônomo grego Hiparco, o primeiro que, a olho nu, mediu a posição de mil estrelas.
 
Em 1989, mais de 2 mil anos depois de Hiparco, a ESA lançou um satélite com seu nome, dedicado à astrometria, que deu as coordenadas celestes de umas 120 mil estrelas. Gaia e seus dois telescópios são feitos de carbeto de silício (também denominado carborundum), cada um com três lentes retangulares curvas, cem vezes mais precisas do que as do satélite Hiparco. O dispositivo será capaz de distinguir estrelas com brilho 400 mil vezes mais fraco do que o olho humano pode perceber.
 
"É o telescópio espacial mais moderno já fabricado na Europa", informou a Astrium. Gaia também usará "um sensor fotográfico com precisão nunca equiparada", prosseguiu.
 
Para preservar a exatidão de suas medidas, o satélite será controlado da Terra por uma rede de telescópios, de tal forma que sua posição será determinada com um erro máximo de cem metros.
 
"O cartógrafo da galáxia" também terá como tarefa fazer o levantamento dos asteroides do Sistema Solar e, inclusive, descobrir novos exoplanetas. Com Gaia, os astrônomos entrarão "no mundo do 'Big Data'", afirmou Véronique Valette, chefe do projeto Gaia na agência espacial francesa (CNES).
 
A missão fornecerá mais de um petabyte (um quadrilhão de bytes) de dados para analisar, ou seja, a capacidade de 250 mil DVDs. "O tratamento cotidiano (dos dados) será o desafio mais importante", acrescentou Mignard.
 
Seis centros, entre eles o do tratamento de dados do Centro Espacial de Toulouse, receberão este fluxo permanente e enorme de informação, inutilizável em seu estado bruto e que depois deverão interpretar para torná-la inteligível. Para enfrentar este desafio, o CNES, que fará entre 35% e 40% do tratamento de dados da missão, equipou-se com computadores de uma potência de cálculo de até 6 trilhões de operações por segundo.
 
Terra

Redação

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