O sargento da Polícia Militar (PM) Jorge Bispo de Moraes, lotado no 4º Batalhão da PM, em Várzea Grande, é investigado pela Corregedoria da instituição após ser acusado de invadir a fazenda de um promotor de Justiça aposentado, onde ainda teria simulado o homicídio de seu próprio irmão e feito uma operação na propriedade, com apoio da Rotam e da Força Tática.
Segundo o promotor, o acusado e seus comparsas invadiram a fazenda Perobal, localizada na Rodovia Capão Grande Piquizal, km 22, Comunidade Campo Alegre de Baixo, em Nossa Senhora do Livramento, para explorar ilegalmente um garimpo desativado na propriedade.
Na representação à Justiça Militar, o denunciante pede investigação contra o invasor por crime ambiental, esbulho possessório, ameaça e pelo furto de uma pistola e um celular Iphone 8.
De acordo com o relato do promotor, no dia 9 de janeiro deste ano, ele foi comunicado pelo caseiro de sua propriedade sobre a invasão das terras. No dia seguinte seguiu para a fazenda, onde, enquanto recolhia o gado solto e arrumava a cerca arrebentada, se deparou com cinco homens em três veículos.
Acreditando que pudesse ser um assalto, a vítima sacou uma arma e apontou para os invasores. Um deles chegou a sacar uma arma também, mas foi impedido por um dos comparsas e o bando deixou a propriedade.
Cinco dias depois, o grupo foi flagrado novamente nas terras do promotor, dessa vez, já com um barraco de lona armado numa área de reserva onde tem o garimpo desativado. No local foram verificados ainda instrumentos para a extração de minérios.
Na manhã do dia 17, o promotor, seu filho e um amigo da família, todos advogados, saíram de carro pela propriedade com a intenção de identificar os invasores e em seguida entrar com uma ação judicial. Nesse momento o denunciante identificou o primeiro acusado, Gonçalo Santana de Moraes, o “Netinho”, sobrinho de uma conhecida de Várzea Grande.
Em contato com o rapaz, “Netinho” assumiu a responsabilidade da invasão, relatou que os demais eram todos parentes, mas que não tinham a ver com os fatos.
O promotor pediu que os invasores deixassem a fazenda, pois, não permitia o garimpo no local.
Enquanto era resolvida a situação, Waldemar Bispo de Morais, irmão do sargento, apareceu na fazenda para levar leite aos invasores e prestar assistência a qualquer demanda do grupo.
Antes de deixar a propriedade, Netinho teria comunicado ao denunciante que “o doutor vai pagar caro porque tem polícia por trás”.
Após, teoricamente terem resolvido a situação, o promotor voltou para Cuiabá no carro da filha e deixou sua caminhonete na fazenda.
Porém, durante à noite recebeu nova ligação da irmã do caseiro. Ela informou que cerca de 20 policiais em 5 viaturas, três da Rotam e duas da Força Tática, arrebentaram o cadeado do portão e prenderam algumas pessoas, entre eles o caseiro.
Na manhã do dia seguinte (18), o promotor compareceu à Central de Flagrantes de Várzea Grande para saber o motivo da operação em sua propriedade. Nesse momento descobriu que havia uma denúncia apontando que Waldemar Bispo de Morais teria sido assassinado na fazenda e a operação era para apurar o homicídio, além de o corpo estar desaparecido.
Mais tarde foi constatado ainda que na noite anterior, dia 17, antes da operação da PM, os bandidos teriam voltado à fazenda, revirado a casa do promotor, arrombado a caminhonete, encontrado e furtado uma pistola que estava escondida debaixo de um dos bancos do veículo e um iphone, onde a vítima teria gravado vídeos e conversas que comprovariam a invasão.
Durante as providências tomadas na Delegacia de Polícia Civil de VG, Waldemar apareceu e relatou que tinha sido sequestrado e mantido em cárcere privado por Netinho numa propriedade vizinha à fazenda do promotor, porém, a mando do irmão, e sargento da PM, Jorge Bispo.
“Louvável a reação de solidariedade dos colegas de farda da Rotam e Força Tática ao colega diante da possível perda de um irmão, mas lamentável e condenável a atitude farsante dele (Jorge Bispo), que os induziu ao erro e quase resultado em tragédia”, ressaltou o denunciante.
O promotor afirmou em seu depoimento que toda essa farsa e operação tinha o intuito de intimidá-lo, já que ele não seria amedrontado com apenas “três alcoólatras e o seu primo desastrado” na fazenda.
Mesmo após toda a confusão e farsa desfeita, ainda segundo o dono da fazenda, os invasores voltaram no dia 19, um depois da operação da Rotam e Força Tática, e ficaram até o dia 22. Período em que expulsaram funcionários que refaziam a cerca de demarcação das terras e voltaram a garimpar.
Os criminosos instalaram uma ‘guarita’ de segurança na propriedade e continuar transitando com diferentes veículos na fazenda.
Em nota: "A Corregedoria Geral da Polícia Militar informa que já instaurou Processo Administrativo Disciplinar(PAD) para apurar a denúncia. Os trabalhos de apuração estão em andamento".