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São Paulo não sabe o que fazer com a bola, e defesa volta a errar

A derrota de 2 a 1 para o Bahia, neste domingo, em Salvador, foi o sétimo jogo de Dorival Júnior no comando do São Paulo. Em seis deles, incluindo o mais recente, a equipe tricolor teve mais posse de bola do que o rival. E os resultados não foram condizentes com o teórico domínio: três derrotas, dois empates, uma vitória – aproveitamento de 27%.

Com Dorival, o São Paulo só teve menos posse diante do Vasco – e, curiosamente, venceu: 1 a 0. A situação não é exclusiva do Tricolor: este tem sido um campeonato em que times mais fechados vêm se dando bem.

Mas o panorama não deixa de evidenciar um problema crônico são-paulino: não saber o que fazer com a bola. A isso, soma-se uma defesa que insiste em falhar. Aí a combinação é fatal, e o time, não por acaso, fecha o turno na zona de rebaixamento.

O São Paulo foi a campo contra o Bahia no 4-1-4-1. Com a bola, tinha a aproximação de Jucilei aos zagueiros, e dali ela chegava a Hernanes ou Petros, as figuras centrais da linha de quatro meias – complementada por Marcinho pela direita e Cueva pela esquerda. O sistema permitia que os jogadores ficassem próximos para atacar em conjunto. Nisso, o time funcionou.

O problema foi o resto. A posse de bola (53% no primeiro tempo) não representou superioridade. O setor ofensivo não encontrou soluções, e Pratto teve que abandonar a área repetidas vezes para participar do jogo. Dois chutes colocados (um de Marcinho e outro de Cueva) foram tudo que o Tricolor criou na etapa inicial.

E, para piorar, a defesa (que estava bem postada até então) resolveu entrar em parafuso – não chega a ser novidade. No primeiro gol, o Bahia tabelou com facilidade e contou com marcação tímida de Militão e erro de posicionamento de Arboleda; no segundo, Renan Ribeiro deu passe forçado para Araruna, que foi desarmado e permitiu o avanço baiano até o gol, com a zaga surpreendida, aberta.

O cenário só não foi pior porque Jean, goleiro do Bahia, atropelou Lucas Pratto dentro da área. Pênalti bem batido por Hernanes – que deu alguma expectativa de reação para o segundo tempo.

Mas a esperança esfarelou-se na falta de criatividade do São Paulo. Ao longo de toda a etapa final, os comandados de Dorival trocaram passes insossos, anestesiaram-se em movimentações tímidas, apresentaram objetividade nula. De efetivo, só um chute de Hernanes que o goleiro Jean soltou – e a arbitragem ignorou pênalti na sequência.

No segundo tempo, portanto, o São Paulo conseguiu ser menos perigoso do que no primeiro.

A boa notícia é que Dorival Júnior tem perfeita consciência disso. Logo depois do jogo, ele fez leitura correta:

“É o que temos que melhorar. É justamente o passe final, as movimentações para as infiltrações. Você tem posse de bola, você monta seu time em cima da equipe adversária, pressiona, mas a efetividade está faltando. Temos que corrigir, sim, para aproveitar a posse estabelecida ao longo de praticamente todos os jogos desde que chegamos.”

Dorival tem que deixar seu time mais vertical e mais veloz. Mas isso também exige ações individuais dos jogadores. E ações individuais demandam confiança. E o São Paulo, como acontece quando gigantes são ameaçados de rebaixamento, tem zero confiança.

Confira os números finais do jogo contra o Bahia:

Posse de bola: Bahia 39% x 61% São Paulo

Finalizações: Bahia 11 x 10 São Paulo

Chances reais de gol: Bahia 6 x 3 São Paulo

Bolas levantadas: Bahia 8 x 19 São Paulo

Passes errados: Bahia 37 x 31 São Paulo

O treinador, com uma semana livre para trabalhar, promete mudanças na equipe. Uma delas parece se impor para o jogo contra o Cruzeiro (domingo, às 11h): a entrada de Marcos Guilherme no lugar de Marcinho, em momento muito ruim. Cueva, suspenso, está fora.

É provável, porém, que simples trocas de nomes não melhorem substancialmente a equipe. O que o São Paulo precisa é de um modelo de jogo – estamos em agosto, e o time ainda engatinha nisso, em grande parte por culpa da diretoria, que redesenhou o elenco ao longo da temporada, com o campeonato em andamento.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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