O primeiro projeto, ainda em estágio embrionário, deve estrear de forma independente também no centro da cidade e investindo não em lançamentos cinematográficos mas em ciclos temáticos relacionados à cultura pop – como documentários musicais, terror etc. – associados a shows, comida e bebida. "Quero que o filme seja um fio condutor para a experiência toda que iremos propor", comenta. "Vou me arriscar no cinema de rua porque não vou fazer cinema como todo mundo está fazendo. O público está carente de opções diferentes." Ele não quer revelar, por enquanto, o local devido a negociações em andamento.
Facundo conta que a ideia surgiu ao notar as mudanças de comportamento do público após a propagação dos smartphones. "Eu tenho 40 anos e quando eu ia ao cinema, havia aquela experiência de duas horas de escapismo, de quando até pipoca incomodava", diz. "Comecei a perceber que hoje em dia boa parte das pessoas não consegue mais consumir o cinema dessa maneira, gente que durante a sessão responde no WhatsApp, vê feed do Facebook e Instagram. Já que o cinema, para alguns, está virando um consumo socializado via tela de celular, queremos propor o consumo social do cinema dentro do espaço da sala com os outros espectadores. Aquela relação mais verdadeira da pessoa com o filme não está obsoleta nem nunca estará. Sempre vai ter gente que vai consumir dessa forma."
O empresário recentemente esteve em Londres, na Inglaterra, para avaliar o mercado e observar o que poderia ter aplicação por aqui. "Lá há opções de cinema com teatro e show ao mesmo tempo, cinema com drinks e comida. Há formas plurais e não dessa maneira mais tradicional e compartimentada que sempre tivemos", afirma. "Existem as salas VIP por aqui que oferecem cardápio e bebida alcoólica, mas pagar R$ 73 em um ingresso de cinema pra mim é pornografia."
Cinesthesia
Em outubro terá início ainda uma série de exibições cinematográficas no Cine Joia. O empreendimento é praticamente um retorno às raízes do local, já que o Joia foi aberto como cinema em 1952 e assim atuou durante muito anos até seu fechamento na década de 80. Em 2011 o espaço foi reaberto como casa de shows por Facundo junto aos sócios André Juliani, Lúcio Ribeiro e Marcelo Beraldo.
O projeto receberá o nome de Cinesthesia e terá duas sessões temáticas aos domingos com quatro filmes e dois shows. "Exibiremos, por exemplo, dois filmes clássicos de ficção científica intercalados com uma apresentação de música eletrônica e dois filmes de terror intercalados por um show de rock pesado", revela. "Cobraremos um valor fixo que inclua tudo, até a pipoca. Estamos construindo a tela e montando uma infraestrutura em termos de iluminação para que ela também seja sincronizada com o filme."
A programação ainda está em negociação e deve ser anunciada em breve – assim como os valores dos ingressos e os serviços incluídos. Segundo Facundo, o Cinesthesia começará como evento mensal e se tiver retorno do público, poderá ser realizado semanalmente em um futuro próximo.
Na lista de afazeres, Facundo ainda trabalha na abertura de uma sala no Belas Artes que contará com um bar e uma programação também "pop, divertida e temática". A novidade é prevista para janeiro.
UOL