A Samarco encerra a distribuição de água mineral para a população de Colatina nesta quinta-feira (17). Após o Rio Doce receber a lama de rejeitos de minério oriunda do rompimento da barragem da mineradora em Mariana, Minas Gerais, a Justiça Federal determinou que a empresa distribuísse água mineral, já que a captação estava comprometida. Com a normalização do serviço, a Samarco informou que encerra o fornecimento ao término do prazo dado pela Justiça.
No último dia 9, a juíza Federal Mônica Lúcia do Nascimento Frias autorizou a empresa a cessar a distribuição em Colatina, determinando, no entanto, que o fornecimento deveria permanecer por mais sete dias, ou seja até esta quarta-feira (17).
Essa última semana de fornecimento serviria, pela decisão, para que pudessem ser divulgadas as análises que atestam a potabilidade da água tratada pelo Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear).
A empresa apresentou resultados de diferentes órgãos técnicos aptos para análise da qualidade da água do município mostrando que o recurso está próprio tanto para o uso doméstico quanto para a ingestão.
Prefeitura
A prefeitura de Colatina, por meio de nota, esclareceu que está abastecendo a cidade normalmente e que os laudos de exames realizados diariamente comprovam que a água está dentro dos parâmetros para consumo do Ministério da Saúde. Apesar disso, moradores de Colatina seguem reclamando da coloração e cheiro da água que chega às casas.
Para que a população receba o recurso em casa está sendo utilizado o Tanfloc, um produto líquido à base de acácia negra que acelera a decantação dos sedimentos presentes no rio.
Estoque
O atual estoque de água mineral que está na cidade será distribuído para hospitais, escolas e demais públicos prioritários. De acordo com a Samarco, desde o início do fornecimento, em 17 de novembro, foram distribuídos mais de 6 milhões de litros de água mineral.
Recuperação do rio
Um mês após a chegada da lama de rejeitos no Espírito Santo pelo Rio Doce, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, visitou o Espírito Santo.
Em coletiva, nesta quarta-feira (16), ela disse que é hora de começar a centrar esforços na revitalização do Doce.
Ribeirinhos que dependiam do rio para sobreviver podem trabalhar nessa recuperação.
“Nossas ações devem levar em conta a oportunidade das pessoas impactadas economicamente de terem emprego a partir da revitalização”, destacou.
Izabella também esteve em Regência, Linhares, para conversar com pesquisadores do Tamar e do Instituto Chico Mendes sobre a reintrodução de espécies peixes que foram resgatados do rio e da situação das tartarugas.
Nesta quinta-feira (17), ela segue para Aimorés, onde vai conhecer o projeto do Instituto Terra, de Sebastião Salgado.
Nas próximas semanas, a ministra deve conversar com os governos estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo sobre o fundo de R$ 20 bilhões para a recuperação do rio que foi pedido judicialmente à Samarco.
O governador Paulo Hartung disse que a mineradora já manifestou interesse em assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). “Entramos com a ação na Justiça, mas ela pode produzir um acordo. Eu acho que o acordo é o melhor caminho para todos”.
Metais pesados na água
Nesta terça-feira (15), foi divulgado que pesquisadores da Universidade de Brasília ligados a um grupo que avalia de forma independente os impactos ambientais provocados pelo rompimento da barragem de Mariana (MG) encontraram metais pesados nas amostras de água e lama coletadas do Rio Doce. Segundo a toxicologista Vivian Santos, foram registrados índices elevados de arsênio, manganês, chumbo, alumínio e ferro.
O relatório é preliminar, e o estudo considerou as concentrações de dez metais: alumínio dissolvido, ferro dissolvido, arsênio, manganês, selênio, cádmio, chumbo, lítio, níquel e zinco.
A coleta das amostras ocorreu em dez pontos ao longo dos três principais cursos d’água atingidos pela lama entre Bento Rodrigues e Governador Valadares – Rio Gualaxo do Norte, Rio do Carmo e Rio Doce – entre 4 e 8 de dezembro.
A Federação Nacional dos Médicos (Fenam) também se manifestou dizendo que, a longo prazo, o contato com a água pode causar doenças como câncer e malformação fetal.
Entretanto, um relatório divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e pela Agência Nacional das Águas (ANA) apontou que amostras coletadas apresentam baixas concentrações de metais, com exceção do ferro, que possui valores acima de 15%.
Questionada sobre a diferença nos resultados das duas análises, a ministra disse que desconhece o estudo feito pela UnB e que os metais encontrados além da quantidade limite já existiam antes do acidente com a barragem.
“Aquilo é uma Bacia do quadrilátero ferrífero, então é muito comum que, dependendo de onde é feita a amostragem, seja detectado que há metal. Não foi só a Ana que avaliou. Foi o CPRM e a própria empresa de saneamento do Espírito Santo que atestou a qualidade da água. O solo foi revolvido, essa é uma bacia que teve mineração, garimpo e ouro. Os dados oficiais, autênticos e legítimos são os que foram feitos na amostragem em vários pontos do rio, e atestam que a presença dos mestais pesados que estão aquém dos padrões mínimos são compatíveis com o que existia antes do acidente”, explicou.
Fonte: G1