O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acredita que houve uma falta de acordo na 25ª Conferência das Partes (COP25), conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas, que aconteceu ao longo dos últimos dias em Madri, na Espanha.
Em seu Twitter, o ministro afirmou que a “COP-25 não deu em nada” e prevaleceu o “protecionismo” de alguns países.
Salles questiona sobretudo a regulamentação do mercado global de créditos de carbono, que foi adiada para o próximo ano diante da falta de um acordo.
“COP 25 não deu em nada. Países ricos não querem abrir seus mercados de créditos de carbono. Exigem medidas e apontam o dedo para o resto do mundo, sem cerimônia, mas na hora de colocar a mão no bolso, eles não querem. Protecionismo e hipocrisia andaram de mãos dadas, o tempo todo”, escreveu.
As discussões giraram em torno da criação de regras para o comércio de créditos de carbono. A expectativa era chegar a uma regulamentação para que países que emitem menos carbono (como o Brasil), pudessem vender esse “excedente” (os chamados “créditos de carbono”) para outros países.
O tema está previsto no artigo 6 do Acordo de Paris, firmado em 2015 e que estipula metas globais para a redução da emissão de poluentes. Em entrevista a EXAME no início da conferência, Salles afirmou que um dos principais objetivos da delegação brasileira na COP25 era avançar nesta questão. Não foi desta vez.
“Prevaleceu infelizmente uma visão protecionista de fechamento do mercado e o Brasil e outros países que poderiam fornecer créditos de carbono em razão das suas florestas e boas práticas ambientais saíram perdendo. Ainda assim, o Brasil segue firme no seu trabalho de atrair recursos para o Brasil e para os brasileiros”, disse Salles, em vídeo postado em seu Twitter neste domingo.
Aprovado em 2015, o Acordo de Paris estipula uma série de medidas para os países reduzirem gases do efeito estufa a partir de 2020. O objetivo é conter o aquecimento global abaixo de 2 ºC, preferencialmente em 1,5 ºC até 2030. Ao assinar o acordo, o Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030 sem necessidade de ajuda externa.
A relação do Brasil com a COP25 já vinha azeda desde que o país desistiu, no fim do ano passado, de sediar a COP25. Segundo nota do Ministério de Relações Exteriores, a decisão foi tomada levando em conta restrições orçamentárias e o atual processo de transição presidencial. Embora o presidente em exercício no momento fosse Michel Temer, o Ministério afirmou na ocasião que a decisão fora tomada pelo governo de transição do presidente Jair Bolsonaro.
Desde então, a gestão Bolsonaro vem sendo criticada por ambientalistas e organizações internacionais por aumento das queimadas no Brasil e por declarações e medidas do presidente que ativistas consideram prejudiciais ao meio ambiente.