O Bem Estar desta quinta (3) explicou o que é a síndrome de Burnout, uma sensação de esgotamento total causada pelo estresse. Para falar sobre como identificar o problema e tratá-lo, recebemos o psiquiatra Daniel Barros e o cardiologista Guilherme Spina.
A síndrome de Burnout é a sensação de esgotamento total, de que toda a energia já foi queimada e o corpo e a mente chegaram à exaustão. É uma condição psiquiátrica com sintomas físicos e emocionais causada pelo estresse interpessoal crônico, ou seja, estresse contínuo em todas as atividades que envolvem o contato pessoal, principalmente o trabalho.
Um único evento não leva a Burnout. Outro mito é dizer que a síndrome é o ápice do estresse, mas a pessoa pode chegar a esse estágio e desenvolver outras doenças, como a Síndrome do Pânico. Por isso, a síndrome de Burnout não é só estresse ou cansaço, são alguns fatores que levam a esse quadro.
Os fatores para se chegar a esse problema são divididos em duas categorias:
– Fatores Organizacionais: jornada de trabalho (a noturna costuma dar mais consequências); ambientes estressantes ou insalubres; pouca autonomia; desorganização
– Fatores Pessoais: ansiedade; pessoas idealistas, empolgadas (quanto mais envolvidas no trabalho, mais dedicação, maior a decepção também).
Os sintomas são vários, físicos e emocionais, e são divididos em três esferas:
– Exaustão Emocional: fadiga intensa, falta de forças para enfrentar o dia de trabalho e sensação de ser exigido além dos limites emocionais.
– Despersonalização: distanciamento emocional e indiferença.
– Diminuição da realização pessoal: falta de perspectiva para o futuro, frustração, sentimento de incompetência e fracasso.
Outros sintomas podem aparecer com frequência: dor de cabeça, gastrite, tontura, falta de ar, insônia, palpitações, irritabilidade, dificuldade de concentração e desânimo. Quando a capacidade do corpo é muito forçada, em algum momento ele não aguenta mais. Por isso, a pausa é importante. Atividade física precisa de descanso para os músculos. O trabalho também precisa, mas para a mente.
Dicas
O ideal é saber o que incomoda e tratar a origem do problema, identificar os agentes estressores, mapear as situações e fazer pequenos ajustes (que fazem grandes diferenças):
– Converse com o chefe e colegas;
– Aponte os problemas antes que eles fiquem insuportáveis;
– Procure por tratamento médico e psicológico;
– Dê um tempo do trabalho (ou uma licença ou férias). Quando voltar, volte com calma ou em outra função.
Reação no corpo
Para o corpo, tanto faz se é Burnout ou estresse, ele reage da mesma forma. O organismo está preparado para lidar com o estresse, que é importante porque os "estressados" sobreviveram à seleção natural. Conseguiram fugir do leão porque o estresse deu o gatilho para a fuga.
O problema é o estresse contínuo, em que o sistema de defesa é acionado sempre e desgasta o organismo. Quando estamos em uma situação de estresse, o sistema adrenérgico é acionado. O coração dispara, os vasos sanguíneos se fecham e aumenta a pressão arterial. O coração bate mais rápido para chegar mais sangue aos músculos e aumentar a força para a fuga. Não importa se é uma situação que precisa de fuga ou não, o organismo sempre reage assim quando colocado sob estresse.
O estresse contínuo e intenso pode causar aumento da pressão e problemas cardíacos. A Síndrome de Takotsubo (coração dilata e fica mais fraco) pode ocorrer em uma situação de estresse intenso e agudo. Se a pessoa tiver a coronária entupida, também pode enfartar.
O que ajuda?
Além de reconhecer o agente estressante e resolver esse problema, o exercício físico é um ótimo aliado, porque diminui o nível de estresse. A atividade física regula a frequência cardíaca, deixando-a mais baixa, então quando se tem um evento estressante ela aumenta menos. Por exemplo: uma pessoa que faz atividade tem a frequência em 60, na situação de estresse ela dobra para 120. Quem é sedentário já tem a frequência normal em 90 e no evento de estresse sobe muito mais rápido para 160 batimentos por minuto.
Fonte: G1