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Ruas de Cuiabá acumulam 44 mil buracos

Fotos: Ahmad Jarrah

Andar de carro pelas ruas de Cuiabá é ter certeza de que, mais cedo ou mais tarde, o condutor vai cair dentro de um buraco. Também não é por menos: um levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Obras aponta que a capital mato-grossense possui 44.348 buracos espalhados em 198 bairros. Ou seja, a cidade possui mais buracos do que crianças com idade de frequentar creches, que são em torno de 30 mil.

A região mais afetada é o Sul da cidade, com 15.000 fissuras. Os moradores sofrem com os problemas de pavimentação, como relata o motorista Cleomar Silva, da Cohab São Gonçalo, onde existem cerca de 1.500 buracos. Uma cavidade de aproximadamente dois metros de diâmetro e um metro e meio de profundidade se abriu em frente a sua residência, onde fica a garagem. Cleomar, que está desempregado, brinca ao afirmar que todo dia faz um teste de baliza para guardar o carro.

De acordo com o motorista, o buraco começou bem pequeno e a cada dia fica maior. “Essa parte aqui está toda oca, já caíram dois carros aqui dentro, um caminhão carregado de bebida e um carro de passeio”, disse Cleomar apontando para a cratera, onde ele colocou um pneu para que os condutores possam ficar atentos.

O pior é que os moradores da rua não podem mais deixar os veículos em frente às casas porque bloqueia o tráfego na via. Próximo do local há dois bares e outros comércios e que ficam bem movimentados aos finais de semana. “Aos sábados e domingos, vez por outra temos que tirar nossos carros da rua para permitir a passagem de outros”, relatou.

Os moradores também reclamam de uma fenda que foi aberta pela CAB Cuiabá na avenida principal do bairro, pavimentada há poucos meses. Na vala de cerca de 500 metros de extensão já aconteceram acidentes e avarias em veículos.

Jean Claudio Bonjiovane trafegava de moto pela avenida e parou para conversar com o Circuito Mato Grosso.  O l

ocal é perigoso para quem anda de moto, segundo Jean. “Motoqueiro mesmo tem que ficar esperto para não cair aqui”, avisou.

Ele ainda reclamou que a avenida principal foi pavimentada, mas que as fissuras das ruas paralelas não são tapadas há décadas. “O asfalto do bairro já tem mais de 40 anos sem passar por nenhuma revitalização. Geralmente o caminhão passa direto e vai para outros bairros. Aqui mesmo eu nunca vi”, protestou.

Região Sul de Cuiabá é a mais afetada, aponta estudo

O levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Obras mapeou as quatro regiões e fez a seguinte constatação: Sul, com 15.866 buracos; Leste, com 11.148; Norte, com 10.364; e Oeste com 6.970 fissuras.

Segundo o secretário Vanderlúcio Rodrigues da Silva, titular da pasta, a região Sul é a mais afetada em função do tamanho e pelo fato de a pavimentação ser mais antiga.

No setor Sul, os bairros mais esburacados são a Cohab São Gonçalo (1.400); Tijucal (1.300); e Osmar Cabral (800). No Norte, os pontos mais críticos são a avenida principal do bairro Jardim Aroeira (1.500); os quatro setores do CPA (1.060); e a avenida principal do Residencial Paraná (1.000).

O Altos da Serra é o que possui maior número de buracos concentrados na região Leste, com mais de 800. Ele é seguido pelo Jardim Universitário (760) e Jardim Imperial I e Boa Esperança (600).  A região Oeste é a menos afetada. Os bairros com maior número de fissuras são o Alvorada (880), seguido pelo Despraiado e Ribeirão do Lipa (420).

“A região Oeste é a que compreende o centro de Cuiabá. É uma região que teve várias vias pavimentadas na gestão anterior, então houve manutenção maior”, defendeu Vanderlúcio.

Moradores do Doutor Fábio protestam

Moradores dos bairros Dr. Fábio I e II, na região da Grande Morada da Serra, em Cuiabá, realizaram um protesto na manhã da sexta-feira 27/01 para reivindicar uma operação tapa-buracos em caráter de urgência na avenida de acesso ao bairro. Os manifestantes queimaram pneus sobre a ponte, na entrada do bairro, revoltados com as péssimas condições de conservação do asfalto.

Elias da Silva Alcântara estava usando sua caminhonete para baldear entulho até a avenida. Com uma pá, tentava preencher as fissuras para minimizar o problema. “Semana passada eu passei aqui e estourou o pivô do meu carro. Estou quase oito anos morando aqui e toda vez é a mesma coisa”, reclamou.

Quando a equipe do Circuito Mato Grosso registrava a situação da avenida, um veículo caiu em um dos buracos. Dentro, uma família inteira, sendo que o condutor faz uso de muletas. Os transeuntes se uniram para tirar o veículo da cratera.

Indignado, Elias Alcântara mandou um recado para o prefeito recém-empossado, Emanuel Pinheiro (PMDB).  “Eu sei que ele entrou agora e muita coisa ele não deve estar sabendo ainda. Queremos que ele venha aqui para ver o que nós estamos passando. Está difícil para passar, carro quebrando, caindo na buraqueira”, apelou o morador.

Funcionários de casas comerciais da avenida também baldeavam entulho em pequenos baldes para cobrir as crateras maiores.

O outro lado

O secretário Vanderlúcio Rodrigues reconheceu que o problema na região é crônico e que existe há décadas. Ele disse ao Circuito Mato Grosso que a revitalização do local é uma das prioridades da pasta e que será construída uma boca de lobo para escoar a água que fica empoçada no local.

“Para enrolar o povo daquele bairro, as gestões anteriores recortavam e enchiam aquilo de massa. Vamos fazer uma boca de lobo onde a água fica empoçada e, depois que secar vamos fazer uma limpeza e tapar os buracos, para resolver o problema definitivamente”, afirmou Vanderlúcio.

A equipe de topografia está concluindo o levantamento do local para identificar o local exato onde deverá ser construída a boca de lobo.

Prefeito alocou R$ 1,2 milhão emergencialmente

Esta semana o prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB) alocou, dos cofres do município, R$ 1,2 milhão emergencialmente para realizar tapa-buracos em 198 bairros da capital. De acordo com o secretário Vanderlúcio Rodrigues, o objetivo é ‘atacar’ os pontos mais críticos da cidade, incluindo as principais avenidas, corredores de ônibus, rotatórias e as avenidas dos bairros.

“As obras, apesar de trazer alguns transtornos aos motoristas, em função de interdições, devem beneficiar a população em longo prazo. Os trabalhos deverão ser realizados no intervalo das chuvas. Estamos atacando todos os lugares ao mesmo tempo, com seis equipes”, disse.

Segundo o secretário, o levantamento foi realizado pela Diretoria de Infraestrutura Urbana e Rural da pasta. Os engenheiros visitaram todos os bairros da capital para fazer o levantamento. “Tem um pessoal bem antigo, com até 20 anos de experiência na pasta. Isso nos ajudou muito a fazer esse tipo de trabalho com agilidade”, afirmou.

Felipe Leonel

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