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Roubos aumentam 32% em Cuiabá no primeiro semestre

As ocorrências de roubo aumentaram 32,9%, de janeiro a julho deste ano, em Cuiabá, e lugares que antes tinham baixa incidência, como agências bancárias e shopping centers, têm sofrido ataques constantes. Balanço da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) aponta o registro de 5.970 roubos na capital nesse período, frente a 4.492 no mesmo período de 2015.

Os registros ficaram mensalmente acima dos compilados no mesmo período do ano passado, com pico no mês de janeiro quando houve aumento de 69,8%. Os casos pularam de 482 para 822. Em fevereiro foi registrada uma variação semelhante e a alta ficou em 61,1% na prática do crime, passando de 563 para 907.

No mês seguinte, a variação foi menor (26%), mas se manteve a alta das ocorrências. 865 pessoas registram boletim de roubo em março deste ano, enquanto em março de 2015, o número foi de 682. Em abril houve pouca mudança, os roubos aumentaram 28% na comparação com 2015, subindo de 650 para 835.

O cenário se manteve em maio, mês em que a variação foi de 29%, sempre na comparação com igual mês do ano anterior. Conforme balanço da Sesp, 821 pessoas foram assaltadas na capital no período; em 2015, foram 636.

Junho é o único mês até o momento com redução nos casos de roubo. No ano passado foram registradas 719 ocorrências e neste ano, 634 (-11,8%). No entanto, em julho, as ocorrências escalaram. Na comparação com junho deste ano, o aumento foi de 71,2%. Houve registro de 1.086 ocorrências. Já no confrontamento com julho de 2015, quando foram registrados 758 roubos, a alta foi de 43,2%.

Conforme o coronel Jorge Luís, titular do 1º Comando Regional de Cuiabá, há aumento generalizado de roubos em Cuiabá, apesar de a Polícia Militar ter conseguido reduzir ataques a comércios e a carro. Ele diz que o trabalho de prevenção é realizado com lista de bairros prioritários, como Pedra 90, Dr. Fábio Leite, Goiabeiras e Santa Rosa, em áreas de situações socioeconômicas distintas.

“Nos bairros mais humildes as casas são o principal alvo, os moradores saem para trabalhar e os bandidos entram para roubar qualquer coisa que possa ser comercializada rápidamente – telefone celular, televisão, por exemplo. Já nos bairros em áreas nobres, geralmente os roubos são realizadas em grupo; eles vão atrás de joia, carro. São ações que dependem de pessoas mais acostumadas ao crime porque vão ter que agir de forma rápida e sem chamar muito a atenção”, explica.

Fragilidade dos estabelecimentos e cobiça dos assaltantes

Questionado sobre as ocorrências de roubo em shopping centers e agências bancárias, o coronel Jorge Luís, titular do 1º Comando Regional de Cuiabá afirma que a frequência pode ser explicada pela percepção de fragilidade no esquema de segurança desses lugares.

A hipótese também é apontada pela delegada da Roubos e Furtos de Cuiabá (Derf), Luciani Barros Pereira de Lima. Além da generalização de casos, ela diz que a reincidência de praticantes de roubos e a crise econômica, pontualmente, podem ser indicativos do aumento de roubos na capital.

“A maioria dos assaltos são praticados por pessoas que já cometeram o crime alguma vez. Há casos de pessoas que ficam até um ano, um ano e meio, presas e saem da prisão e roubam. Na crise econômica que o país enfrenta, e o desemprego, levam a uma tendência de aumento roubo”.

Já os roubos em shopping, em bancos, a delegada diz: “É preciso informar que a polícia tem agido. Por outro lado, os bandidos percebem certa fragilidade da segurança desses lugares por motivos diversos, mesmo com algum sistema de segurança como as portas em bancos. Mas a cobiça é maior que a resistência que se oferece”, comenta.

Shopping centers foram atacados ao menos seis vezes neste ano

Lojas em shopping centers em Cuiabá foram assaltadas ou sofreram tentativas pelo menos seis vezes neste ano. O caso mais antigo ocorreu no dia 12 de janeiro. Três jovens foram roubadas no Pantanal Shopping. Segundo o 3° Batalhão da Polícia Militar, as vítimas foram abordadas por um homem armado, no estacionamento do complexo. Ele apontou o revólver para a cabeça de uma delas e tomou um smartphone. Fugiu em seguida em uma moto por causa da aproximação de outras pessoas. O suspeito, de 22 anos, foi preso horas depois.

No dia 18 de abril, dois homens invadiram um restaurante, no mesmo shopping center, e renderam alguns clientes, dos quais roubaram R$ 932. Conforme a PM, o assalto ocorreu por volta das 10h20. Os dois bandidos, com idade entre 18 e 20 anos, entraram no shopping, subiram para o segundo piso e anunciaram assalto no restaurante, que fica na praça de alimentação. Um foi preso ainda dentro do shopping, o outro, que estava armado, fugiu.

Em junho, um adolescente de 16 anos e um jovem, de 20, foram presos ao tentar roubar a bilheteria de cinema do Pantanal Shopping. Eles tinham R$ 2,5 mil tirados dos guichês da bilheteria. Conforme a polícia, a dupla se apresentou armada e anunciou o assalto, por volta das 22h. Foram pegos pelos seguranças ainda dentro do shopping.

Na madrugada do dia 11 julho, ladrões invadiram e roubaram duas lojas do Shopping Três Américas, no bairro Jardim das Américas. Conforme a Polícia Civil, sete pessoas participaram do roubo a uma casa de câmbio e a uma joalheria. De uma levaram o cofre de segurança e da outra, várias peças de colar, pulseira, relógio outras joias. O assalto foi cometido após o bando se frustrar na explosão de caixas rápidos em agência bancária.   Na saída, também roubaram revólveres dos seguranças que estavam rendidos.

Em agosto houve dois casos em menos de 24 horas. No dia 16, três homens invadiram uma loja de calçados, por volta das 18h40, no Shopping Três Américas, anunciaram assalto a atendentes e roubaram o dinheiro que tinha em caixa; o valor não foi informado. Eles fugiram em seguida.

O caso mais recente aconteceu no dia 17 agosto, três homens invadiram uma loja no Pantanal Shopping, por volta das 14h, anunciaram assalto aos funcionários do estabelecimento. A ação foi percebida por seguranças, que conseguiram abortar o roubo e prender os suspeitos em seguida.   

Funcionários e clientes do Sicredi vivem terror

A população cuiabana também não tem mais segurança ao procurar serviços bancários. A onda de assaltos aterroriza funcionários e clientes. Foi o que aconteceu no dia 29 de agosto, por volta das 14h, quando dois homens armados entraram na agência da Cooperativa de Crédito, Sicredi, no Bairro Santa Rosa, em Cuiabá.

O segurança do local  reagiu e acertou um suspeito com um tiro no peito. O outro assaltante, que portava uma arma verdadeira, conseguiu fugir em uma moto. Na pressa, ele deixou o revólver calibre 38 cair. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi até o local para socorrer o assaltante. Clientes e funcionários ficaram em pânico com a situação.

Viaturas da Policia Militar e até o helicóptero da Ceopaer fizeram rondas na região do Santa Rosa para tentar localizar o assaltante fugitivo, mas não foi encontrado.

O Sicredi emitiu nota à imprensa afirmando que "não foram feitos reféns, nenhum colaborador ou associado foi atingido e não foram levados valores da unidade”. A instituição financeira cooperativa afirma ainda que contribuirá com todas as informações necessárias para o andamento do inquérito policial.
 
A cooperativa reforçou, na nota, que investe continuamente em segurança com o objetivo de proteger associados, colaboradores, o patrimônio e para atender as necessidades dos seus associados e da comunidade onde atua".

Assaltantes soltos em audiência por falta de presídios

Em um ano de audiências de custódias em Mato Grosso 57% das pessoas flagradas em ato criminoso voltaram para as ruas em intervalo médio de 24 horas após a reclusão. Os crimes contra o patrimônio são o de maior incidência. Somando roubo e furto, 1.341 pessoas foram flagradas pela Polícia Militar nos 12 meses de ação.

Após a análise de cada caso, a 11ª Vara Criminal decidiu pela prisão preventiva de 49% e os outros 51% foram liberados; 19% liberdade plena, 13% por relaxamento da detenção, 29%  com liberdade sob medida cautelar.

Por outro lado, Mato Grosso tem hoje 33 mil mandados de prisão em aberto e sem previsão de cumprimento. Em alguns casos, os pedidos têm validade de trinta anos. As informações constam no Sistema de Mandados de Prisão (Simp), administrado pela Gerência Estadual de Polinter.

A Secretaria de Segurança pública (Sesp) informa, por meio da assessoria de imprensa, ser impossível cumprir todos os mandados em aberto em Mato Grosso por falta de penitenciárias para abrigar a demanda, mas que uma média de dez prisões é realizada por semana pelas equipes de policiais em todo o Estado.

Já de acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Mato Grosso tem hoje uma população de 11.430 presos distribuídos por sete penitenciárias, e 60% estão em situação provisória, aguardando por julgamento. O déficit é de 5.025 vagas, a contar com a redução registrada pela secretaria no ano passado.

Sindicato

O presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários de Mato Grosso (Sindspen), João Batista Pereira de Souza vê com preocupação a liberação de presos. “São positivos os resultados que as audiências de custódia vêm apresentando, mas há a possibilidade de já estarem ocorrendo decisões nas quais os juízes já ponderam mais a superlotação do sistema penitenciário que a gravidade do crime. Isso é perigoso e gera insegurança social”, comenta.

Reinaldo Fernandes

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