Plantão Policial

Rotam, do policiamento operacional ao projeto social

Fotos: Andrea Lobo / Reprodução

O Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) existe há 16 anos com sede no Bairro Dom Aquino em Cuiabá-MT desde 2010 e com foco no combate a criminalidade e apoio às demais unidades da Polícia Militar. Além da parte operacional, o batalhão possui projetos sociais que aproximam a comunidade da polícia.

O comandante da Rotam, tenente-coronel Fernando Augustinho de Oliveira Galindo recebeu o Circuito Mato Grosso no batalhão e explicou sobre os projetos e trabalhos realizados pela equipe desde que assumiu o comando unidade, em 22 de setembro de 2016. 

ATUAÇÃO

A Rotam atua em dois eixos operacionais, sendo a primeira a contenção de indicadores com um trabalho realizado juntamente ao Comando Regional I de Cuiabá, por meio de análise de indicadores, os principais pontos de violência na Capital e a partir destes dados é realizado o patrulhamento tático nos locais onde a violência tem aumentado.

“Atuamos de forma suplementar junto aos batalhões que já existem. Eles já possuem um policiamento diário e onde há pontos críticos a Rotam atua em abordagens, checagens de veículos e rondas, também onde há a necessidade de apoio a partir de informações repassadas pelos batalhões a nós”.

O outro eixo de atuação, é na questão diária em abordagens a suspeitos, apreensões de armas e drogas recuperação de veículos abordados, prisão de foragidos da justiça entre outros.

A Rotam atua em zonas quentes de criminalidade não ocupadas ou reforça os locais considerados críticos, além de apoiar as unidades de área em ocorrências imediatas e complexas, cuja ameaça da vida seja iminente.

O tenente-coronel Fernando explicou que os policiais da Rotam passam por treinamentos semanais para aperfeiçoamento do serviço. “Um policial bem treinado potencializa o serviço oferecido à sociedade”, completa ele.

Ao ser questionado sobre a Rotam ser acusada de agir com truculência ou forma energizada em abordagem as pessoas, o comandante explicou que toda abordagem realizada pelos policiais do batalhão é dentro da lei e do Procedimento Operacional Padrão (POP) da Rotam.

“Durante a abordagem sempre é um momento crítico. Ninguém gosta de ser abordado. Muitas pessoas reclamam só de serem paradas. A polícia sempre irá parar alguém quando há uma fundada suspeita. Às vezes a pessoa está em um lugar deserto, bairro já considerado perigoso e é abordada. Caso não seja encontrado nada, os policiais explicam o motivo da parada e ainda alertam o cidadão para o risco que ele está correndo estando ali”, salienta o comandante.

Outra situação que ele destaca é que durante a abordagem o cidadão colabore com o trabalho da polícia, que não responda o que não for perguntado e aceite ser abordado, pois o policial não sabe quem está armado ou não, quem faz uso de drogas ou não, quem tem passagem ou não, apenas olhando para a pessoa.

Algumas atitudes além do respeito pode ser seguida pela pessoa abordada para que não haja problemas nem para a polícia e nem para a pessoa abordada.

“Na abordagem, fique calmo e não corra, deixe suas mãos visíveis e não faça nenhum movimento brusco, não discuta com o policial nem toque nele, não faça ameaça ou use palavras ofensivas. A abordagem é sempre no intuito de proteger a sociedade”, completa o comandante.

Conforme o Circuito Mato Grosso relatou durante a semana, dois casos de desacatos durante abordagens resultaram em prisão em Cuiabá.  Uma jovem que praticava tráfico de drogas em um posto de combustível na Avenida do CPA foi presa na madrugada de quinta-feira (18) após agredir uma cabo da Polícia Militar. A agressão ocorreu no interior do banheiro no local, durante uma abordagem.

No banheiro, quando era revistada, a jovem começou a agredir a policial com socos e chutes. Os companheiros da militar, percebendo a situação, entraram no local e imobilizaram a acusada.

Já na madrugada desta sexta-feira (19) um casal que estava em uma distribuidora localizada na Avenida Domingas, no Bairro Osmar Cabral foi acusado de xingar policiais e resistir a prisão durante uma abordagem de rotina.

Segundo os policiais, foi solicitado que a mulher se levantasse e colocasse a mão na cabeça por várias vezes. No entanto, ela se recusou e começou a xingar os militares. Quando ela se levantou empurrou um soldado e se mostrou agressiva. Os policiais utilizaram spray de pimenta para conter a mulher e algemá-la por desacato.

O namorado tentou interferir na prisão da mulher e passou a xingar os militares e ficar nervoso. Também foi necessário o uso de força para algemá-lo.

PRISÕES E APREENSÕES

Em 2017 até o dia 19 de maio, a Rotam realizou a apreensão de 53 armas. Comparado ao ano de 2016 no mesmo período, houve um aumento de 150% nas apreensões, pois foram 21 armas apreendidas nesse período do ano passado.

Outro número que mais que dobrou é em questão aos cumprimentos de mandados de prisão. De janeiro a maio deste ano foram cumpridos 27 mandados de prisão e o mesmo período de 2016, foram apenas 11.

No combate ao tráfico, a Rotam já apreendeu 230 quilos de maconha e aproximadamente 48 quilos de pasta base de cocaína comente este ano em menos de cinco meses. Somada essa quantia tira de circulação milhares de reais que financiaria o tráfico de drogas.

Além disso, 11.730 pessoas foram abordadas até o mês de abril, sendo 281 pessoas conduzidas a delegacia. Destas, 171 foram condução em flagrante e 4.374 veículos abordados e conseguiram recuperar 24 veículos até o mês de abril.

“Esses veículos foram recuperados e não localizados. Localizando é quando o automóvel é roubado e abandonado em algum local, a guarnição passa e acha o carro. Já esses 24 foram recuperados em posse dos ladrões, assim que tomamos conhecimento do roubo”, explicou o tenente-coronel Fernando.

PROJETO SOCIAL

Tendo em vista desmistificar a fama de violência ou truculência com que a sociedade via a Rotam, o batalhão abriu as portas para a comunidade e tem desenvolvidos projetos sociais afim de aproximar as pessoas para a unidade e conhecer de perto os policiais e perceberem que ali atuam homens e mulheres que tem família, filhos, compromissos diários assim como qualquer outra pessoa.

Dentre os projetos sociais que o batalhão desenvolve está a escola de futebol que funciona ao lado da Rotam, porém está parado temporariamente. Há o Conforto 0, que é um projeto de academia ao ar livre realizado uma vez por semana, no dia das mães. As portas do batalhão foram abertas para toda mulher que quiser receber tratamento, de beleza, fazer unhas, maquiagem, cortar cabelo entre outros.

“Na semana do Dia das Mães realizamos o “Dia da beleza” idealizado pela biomédica e empresária Denianne Gomes, dona da Bioestética. A homenagem incluiu ainda serviços de saúde bucal, com orientações sobre limpeza, entrega de kit dental” complementou o tenente-coronel.

O carro-chefe dos projetos sociais do batalhão, é o Jiu-Jitsu Rotam, criado há aproximadamente quatro anos pelo cabo  Roderiky Cardoso e atende gratuitamente crianças a partir de 06 anos de idade.

“Eu já era atleta de Jiu-jitsu e havia no batalhão a necessidade de se criar um projeto social e tínhamos que abrir a porta da Rotam para a sociedade. Além da criação da Fanpage para mostrar o trabalho, houve também a criação do Jiu-jitsu que já vai completar quatro anos”, informou Roderiky.

No começo do projeto eram atendidos 10 alunos e hoje, de acordo com Roderiky, 120 atletas fazem parte do aprendizado no jiu-jitsu Rotam. Ao todo, em mais de três anos do projeto, 400 crianças já passaram pelo jiu-jitsu Rotam.

Roderiky Cardoso explicou que desde o início até os dias de hoje a maior dificuldade é a falta de espaço para atender os alunos, onde é montado e desmontado o tatame todos os dias dentro do batalhão. Com a falta de espaço adequado, ele narra que não é possível ampliar as atividades e quadro de alunos que se houvesse uma academia ou espaço, poderia atender 500 alunos por dia.

“Outro grande problema, principalmente no início foi a falta de quimono, onde eu juntamente com o major Padilha e o aspirante Muller juntamos dinheiro, e conseguimos R$ 5.500,00 e compramos de quimonos para os alunos, tudo com recursos próprios e sem ajuda ou patrocínio”.

O projeto inicialmente atendia somente crianças carentes, principalmente da região do Praeiro, Dom Aquino, porém hoje os atletas são diversificados e de diferentes classes sociais, e atendemos alunos de Cuiabá e Várzea Grande devido ao crescimento e reconhecimento das atividades.

Além de ensinar a arte marcial, o projeto cobra disciplina, respeito e educação dos alunos que frequentam as aulas.

“Muitas mães de alunos nos procuram para agradecer que depois que o filho começou a frequentar as aulas, o comportamento da criança mudou tanto em casa quanto na escola, se tornou mais atencioso, disciplinado, passou a respeitar os pais e crianças que eram tidas como problemáticas, hoje é vista como exemplo” salientou o cabo Roderiky.

Ele diz que outro fator que poderia ser melhorado e está lutando para conseguir é no quesito alimentação e bolsa-atleta.

“Temos excelentes alunos que logo irão se destacar como atletas de ponta, brigar por medalhas, só que caso tivesse uma alimentação balanceada, suplementação, o nível deles já estaria bem acima do que se encontra hoje”.

Outro fator, completa o professor, é a busca pelo Bolsa Atleta, porque é importante incentivar o aluno, que ele possa ver que pode viver como atleta profissional, recebendo salário e ganhando a vida com isso, e com o Bolsa Atleta para os alunos que se destacam, seria um inventivo  a mais”.

Atualmente o projeto conta com alguns patrocinadores da iniciativa privada que acredita no projeto.

“Estamos com os colaboradores Denise Gomes e Denianne Gomes, que nos apoiam diretamente, tivemos apoio do doutor Lourivaldo Junior, que é médico especialista em medicina esportiva e nutrição esportiva e pediatria, e fez exames em todas as crianças, a Bio Estética e também o arquiteto Marcelo Ivan que desenvolveu todo o projeto da futura academia para nós sem cobrar nada”, informou ele.

Para finalizar as ações sociais, a Rotam irá realizar no dia 22 de julho o 3º Arraiá Rotam, e todo o dinheiro arrecadado no evento será revertido para o projeto Jiu-Jitsu Rotam.

“O evento é aberto a toda a comunidade que queira participar, é uma realização do Grêmio Recreativo da Rotam, e além de trazer a população para dentro do batalhão, também irá reverter o dinheiro arrecadado para um projeto tão importante que é o jiu-jitsu”, comenta o tenente-coronel Fernando.

FUTURO

O comandante da unidade disse ao Circuito Mato Grosso quais os desafios e o futuro a frente da Rotam. Informou que em julho deve formar os alunos que estão participando do 6º Curso de Operações Rotam (COR), que inicialmente começou com 60 alunos e hoje têm 22 alunos. Além da formação de novos policiais no curso, ele pretende aumentar a produtividade da unidade.

“Sem fazer comparativo com comandos anteriores, a nossa ideia é melhorar resultados, e fazer com que a Rotam seja produtiva. Sempre no combate a criminalidade e dar uma maior sensação de segurança para a sociedade”, informa o comandante.

Além disso há o plano de implantação de um canil  na unidade, realização do curso de Choque Rotam em outras unidades do interior, também capacitar policiais para atuarem no Comando de Ações Rápidas (CAR) que são os policiais que atuam em motocicletas.

 

 

Jefferson Oliveira

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