Diariamente passam neste trecho cerca de 450 carretas, que por conta das péssimas condições da malha viária não conseguem trafegar a mais de 10 km/hora. Grande parte desses veículos é responsável pelo transporte das 950 mil toneladas de calcário produzidas por indústrias da região, conforme apontam dados da Aprosoja.
Empresários e caminhoneiros relatam que, atualmente, o trecho de 12 km, entre a balsa de transportes até a Calcário Roncador – mineradora localizada no município de Cocalinho –, é o mais crítico. A falta de pavimentação, os atoleiros e problemas causados aos veículos transportadores oneram, inclusive, o custo do calcário.
Muitos contabilizam, ainda, prejuízos em decorrência da precariedade das vias. Não é raro encontrar caminhões parados na estrada, sem condições de seguir viagem, devido ao abandono da região. Na última semana, por exemplo, motoristas foram obrigados a interromper as viagens, enquanto aguardavam alguns reparos na via. Os reparos, contudo, são feitos por iniciativa das próprias mineradoras, que cansadas de esperar as promessas do governo acabam realizando pequenas obras na tentativa de dar vazão à produção.

Desapontado com o que classifica como descaso do Governo Estadual, ele diz acreditar que boa parte dos recursos do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) esteja sendo desviada. Por fim, Peters ainda admite estar pensando na possibilidade de ‘abandonar’ a profissão, já que as estradas fazem da atividade algo extremamente desgastante. “A maior parte do dinheiro do Fethab está sendo roubada e o restante vai para as obras da Copa em Cuiabá. Ainda bem que as seleções não vão passar por aqui nesta estrada, aí não teria Copa porque não tem mais estrada. Acho que vou fazer só mais esta viagem e entregar a carreta para o patrão”, desabafou.
Enquanto outras centenas de motoristas já pensam em abandonar os serviços, por não mais aguentarem contabilizar prejuízos, o trecho de 112 km da MT-326 já foi licitado, por meio do programa estadual MT Integrado. Dividido em três lotes e a cargo de diferentes empresas, a ordem de serviço para o início deve acontecer somente no próximo ano.
Empresa amarga 10 anos de espera
À reportagem, ela alegou que muitos veículos levam aproximadamente oito horas para percorrer um trecho de 100 quilômetros. Isso, segundo ela, quando não estão impossibilitados de trafegar por conta dos atoleiros. Engana-se, ainda, aqueles que pensam que os problemas limitam-se à época das chuvas. Por se tratar de uma região bastante baixa e bem próxima a alguns rios, durante as chuvas as águas invadem a pista; já durante a seca, os caminhões ficam atolados na areia. “É uma região que precisa de reparos o ano todo”, admite a empresária.
Em que pese a necessidade da manutenção, moradores da região dizem que as ações do governo estadual são quase inexistentes. Este ano, por exemplo, a estrada não recebeu qualquer trabalho de manutenção realizado pelos maquinários do Estado. A situação só não é ainda pior porque os empresários se unem para realizar alguns reparos nas estradas.
“Além da estrada principal que está comprometida, as vias alternativas também não suportam a demanda, então temos que nos unir e fazer alguns reparos, caso contrário ninguém consegue passar pela região. É triste ver o poder público relegando o problema que é de sua competência”, lamenta Neila.
Investimentos milionários não surtem efeito
Quando “a coisa aperta”, são tomadas medidas emergenciais e que nem de perto se aproximam daquilo que é almejado pela população. “Toda ano é a mesma coisa, não sei se falta maquinário, se falta vontade política, mas o que a gente observa é que falta principalmente que as coisas sejam bem feitas para evitar que uma nova chuva traga todos os problemas de volta”, alega o vereador por Colniza Francisco Borges dos Santos, o ‘Chicão’ (PPS).
Fotos de Kassu, do Água Boa News