Jurídico

Riva diz que “mensalinho” beneficiou 33 políticos na gestão Maggi

 

Com Valquiria Castil e Cintia Borges

O ex-deputado José Riva voltou a ser ouvido pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, na tarde desta sexta-feira (31). Ao falar sobre esquemas na Assembleia Legislativa, o político declarou que os ex-governadores Dante de Oliveira e Blairo Maggi (PP) pagavam propinas para deputados, em troca de apoio no Legislativo.

O depoimento do político é realizado durante audiência referente a ação derivada da Operação Imperador, que investiga suposto desvio de R$ 61 milhões da Assembleia Legislativa, entre os anos de 2005 e 2009, por meio de um esquema de compras de fachada entre empresas de materiais de papelaria e o Legislativo.

Conforme o ex-parlamentar, entre os anos de 2005 e 2008, o atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, teria repassado o montante de R$ 37,5 milhões a parte dos deputados.

"Nesse período [2003 a 2004] foram movimentados R$ 1,1 milhão. Em 2005 aumentou para R$ 3,4 milhões. Em 2006 foram R$ 6 milhões. Em 2007, quando era presidente o Sérgio Ricardo [atual conselheiro afastado do TCE], R$ 12 milhões. Em 2008, R$ 15 milhões”, disse Riva.

Além de si próprio, Riva entregou uma lista com 33 nomes que teriam se beneficiado com o suposto "mensalinho": Silval Barbosa (vice-governador da gestão Maggi – PMDB); Sergio Ricardo (conselheiro do TCE afastado); deputado Mauro Savi (PSB); Carlos Carlão (PSD); Dirceu Dal Bosco (DEM); Alencar Soares (Ex-conselheiro do TCE); Pedro Satélite (PSD); Rene Barbour (Já falecido); Campos Neto (DEM); Zeca D'Avila (DEM); Nataniel de Jesus (PMDB), Humberto Bosaipo (Ex-conselheiro do TCE); Carlos Brito (PSB);  João Malheiros (PV); Eliene Lima (PSD); Zé Carlos de Freitas (PFL); Sebastião Rezende (PSC); Gilmar Frabis (PSD), José Domingos Fraga (PSD); Walace Guimarães (PMDB); Percival Muniz (PPS); Wagner Ramos (PR); Adalto Freitas (SD); Joarez Costa (PMDB);  Walter Rabelo (Já falecido); Nilson Santos (PMDB); Chica Nunes (PSDB); Airton Português (PSD); Maksuês Leite (PP); Guilherme Maluf (PSDB); Ademir Bruneto (PT); Chico Galindo (PDT) e Antônio Brito (PMDB).

Atualizada às 16h43min.

Riva – que ocupou a Mesa Diretora por vários mandatos – declarou que em 2003, quando Maggi assumiu o Palácio Paiaguás, vários deputados o procuraram temerosos com o fim do “mensalinho”, que era pago pelo antecessor, Dante de Oliveira – já falecido.

"Deputados me procuraram pra saber se continuariam recebendo propina igual ao governo anterior, que era restrito à bancada. Ai entrou o Maggi e ele falou que não iria continuar com esse pagamento. Ele estava disposto a passar um valor para a Assembleia, mas que fosse para passar a todos os deputados, para ajudar o Governo na Assembleia”, afirmou.

Atualizada às 16h51min.

O ex-deputado confessou que ele e o então ex-governador Silval Barbosa (PMDB) eram os responsáveis por fazer a distribuição do “mensalinho” aos deputados.

Conforme Riva, Silval, quando assumiu o Governo do Estado, deu continuidade aos pagamentos.

Atualizada às 16h58min.

Riva ainda revelou que foi a Assembleia Legislativa, por meio de tal esquema, que pagou o valor de R$ 2,5 milhões para a compra da vaga do conselheiro aposentado Alencar Soares, no Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT).

A cadeira foi supostamente negociada em benefício do ex-deputado Sérgio Ricardo – que foi afastado no cargo, por decisão do juiz Luís Aparecido Bortolussi, da Vara de Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá, em ação que investiga a suposta negociata.

Atualizada às 17h06min.

O ex-deputado afirmou que deputados também assinavam documentos atestando o recebimento de materiais de escritório que nunca foram entregues.

"Nenhum deputado sabia mais ou menos que outro. Em todos os momentos participavam. Mesmo nos últimos seis anos, que eu não entreguei dinheiro para nenhum deputado eu sabia a quem e como era entregue. Ninguém da mesa entregava nada enganado. E essa era uma decisão feita em colegiado. Até a decisão de valores era uma reunião entre os deputados", disse.

Riva também declarou que um esquema semelhante envolveu outros deputados e mais de 40 empresas. Os nomes foram listadas em documento entregue ao Ministério Público Federal (MPF).

Atualizada às 17h19min.

O ex-parlamentar também declarou que nem todos os deputados receberam a propina do Governo.

"De 2003 a 2007 posso precisar com certeza de Chico Dalto, Saguas Moraes (PT) e Verinha Araújo (PT) não receberam. Posso precisar também que o [Otaviano] Pivetta no mandato seguinte não recebeu", declarou.

Riva disse ainda que se arrependeu das ilegalidades que cometeu no Legislativo, mas que não roubou R$ 500 milhões sozinho.

"Quero deixar bem claro que é uma situação que me arrependo de verdade. Quero prestar contas com a sociedade, não roubei R$ 500 milhões, mas participei desse esquema", pontuou.

 

Redação

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