Tal como aconteceu na votação na Câmara, o placar no Senado pela aceitação do processo de admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff acabou superando as previsões iniciais. Ao final, 55 senadores votaram na manhã desta quinta-feira (12/05) pelo afastamento temporário da presidente. Só 22 se manifestaram contra – destes, 11 são filiados ao PT. Apenas sete senadores contrariaram a orientação de seus partidos e votaram a favor de Dilma.
Bastava uma maioria simples de 41 votos (ou 40, já que alguns senadores estavam ausentes) para aprovar o afastamento. Levantamentos realizados nas últimas semanas apontavam que os oposicionistas teriam entre 50 e 51 votos. O resultado de 55 mostra que o governo terá pouco espaço de manobra para evitar o afastamento definitivo de Dilma durante o seu julgamento, que deve ocorrer em até 180 dias.
Para que Dilma perca o cargo definitivamente, é necessária uma maioria de dois terços, ou 54 votos – número que a oposição mostrou ser capaz de reunir nessa primeira etapa. Quatro senadores vinham evitando declarar o voto nas últimas semanas. Dois deles acabaram ficando ao lado de Dilma: João Alberto Souza (PMDB-MA) e Elmano Férrer (PTB-PI). Já Fernando Collor (PTC-AL) e Edison Lobão (PMDB-MA), que foram dois aliados de Dilma nos últimos anos, acabaram votando pelo "sim".
Outros três senadores se ausentaram da votação desta manhã – dois deles, Eduardo Braga (PMDB-AM) e Jader Barbalho (PMDB-PA), não haviam declarado voto, mas eram considerados simpáticos a Dilma. O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB), que é próximo do Planalto, decidiu não votar.
Entre os que votaram pelo "sim", em geral o tom dos discursos foi duro e sinalizou que a maioria dos senadores não acredita que Dilma vá sobreviver ao julgamento. Se a tendência se confirmar, Dilma só deve manter os votos do PT, do PCdoB, do PDT e de alguns poucos dissidentes de outras siglas no julgamento do impeachment.
A próxima etapa do processo tem prazo máximo de 180 dias (seis meses) para ser concluída. No entanto, vários senadores afirmam que esse prazo pode ser cortado pela metade, apressando um desfecho em até três meses, tal como aconteceu com o ex-presidente Collor em 1992.
Fonte: G1