Internacional

Repórter-fotográfico da Folha leva tiro de raspão no Cairo

 
Ele fotografava protestos ao redor da cidade quando eclodiu um confronto entre os apoiadores e os opositores do presidente deposto Mohammed Mursi. Os apoiadores, islamitas, querem a restituição do presidente eleito e os opositores defendem o golpe realizado pelo Exército no último dia 3 de julho.
 
Nesta sexta, os islamitas realizam na capital egípcia pelo menos 28 marchas rumo à praça de Ramsés, onde a reportagem esteve poucos instantes antes do incidente. Na quarta-feira (14), o Exército realizou uma violenta operação que pôs fim a dois protestos prolongados e resultou num massacre que deixou ao menos 638 mortos e mais de 4.000 feridos.
 
Silva foi tratado por médicos no hotel em que a reportagem está hospedada. Ele narra que os disparos, começaram diante de um prédio da polícia, embaixo de um importante viaduto do Cairo. Ele retornava após avaliar que a situação na praça Ramsés tinha ficado muito perigosa.
Ferido, Silva tentou retornar ao hotel de táxi, mas acabou parado em uma barreira militar.
 
Demonstrando o ferimento, ele foi levado pelo próprio Exército egípcio, em um jipe, até o prédio.
O enfermeiro Ayman Mohsen avaliou o ferimento de Silva e estabeleceu que ele não corre riscos.
A reportagem foi abordada por diversas pessoas nas ruas que tentavam cercar os jornalistas, chamando-os de espiões. A equipe da Folha havia se separado minutos antes, em meio ao tumulto.
 
"Eu não percebi, na hora", conta Silva, que vestia colete à prova de balas e um capacete quando foi ferido. "Senti um baque no capacete, então alguém ao redor me avisou que tinha recebido um tiro."
 
Silva fotografou para a Folha outros conflitos armados, como a insurgência contra o ex-ditador líbio Muammar Gaddafi, em março de 2011. Ele também já esteve em um acampamento das Farc, na Colômbia, e participou da cobertura de outros eventos internacionais, como as Copas do Mundo de 1998 e 2010.
 
O Exército cerca, há dias, o hotel em que a reportagem está hospedada. Há sons de disparos ao redor. Os funcionários alertam para que os hóspedes mantenham distância das janelas, por conta do risco de serem atingidos por balas perdidas.
 
 
Folha de São Paulo

Redação

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