Política

Renato Santtana aposta na interação com cidadãos

Cintia Borges/ Reinaldo Fernandes | Foto Ahmad Jarrah

Sem nunca ter se candidatado a cargos eletivos, o historiador Renato Santtana encabeça pleito, pelo partido Rede Sustentabilidade, à prefeitura de Cuiabá (MT). Natural de Coxim, Mato Grosso do Sul, ele se mudou para Cuiabá há sete anos e, mesmo com pouco tempo na cidade, se diz preparado para gerir a capital mato-grossense.

Atuando nos bastidores da política desde os 14 anos, Santtana foi um dos fundadores do partido Rede em Mato Grosso. A candidatura para as eleições de Cuiabá apareceu como um desafio em sua carreira. “Neste ano nós tínhamos algumas candidaturas que, por motivos pessoais, não foram para frente. Os companheiros acharam que eu poderia transmitir a mensagem. As pessoas estão desencantadas com a política, mas é apenas com política que as coisas se resolvem”, diz.

Para o novo candidato, a falta de envolvimento efetivo das pessoas na gestão municipal é a principal falha política da atualidade. “A população não decidiu se queria o VLT. A má gestão também é resultado dessa burocracia do século passado do Poder Público. O administrador público atual ainda pensa na era analógica, da máquina de datilografia, mas nós já saímos da era dos computares desktop para a era dos smartphone, celular de última geração. Por que não podemos fazer uso disso para deixar as coisas mais transparentes, para ouvir o público?”, indaga.

PROPOSTAS

Santana destaca que o principal projeto de campanha é a criação de um aplicativo para smartphones, pelo qual a população possa interagir com a gestão municipal. “Eu quero governar com a sociedade. Você pega, por exemplo, o orçamento participativo que surgiu no Brasil nos anos 80, e o Brasil meio que abandonou o orçamento participativo, que significa colocar nas mãos do cidadão – aquele que realmente paga as contas – as questões de desenvolvimento de medidas e aplicação dos recursos públicos. Em Cuiabá, fizeram orçamento participativo por questão de marketing, mas nada foi executado”.

Para ele, além de ajudar a gerir, o aplicativo seria uma maneira de criação de novos empregos. “É mais barato que trazer uma indústria. Na indústria você vai gastar bilhões de reais para gerar 500 empregos. Na indústria de software, não. Nós vamos gastar milhares de reais para manter a estrutura básica, e você põe lá alguns professores para treinar a juventude. Precisamos ter um novo marechal Rondon. O poder público precisa ser fomentador, falta oportunidade para nossos jovens, e quando falta oportunidade, a criminalidade toma conta”.

O projeto de governo do candidato Renato Santtana tem apenas três páginas. “Temos que terminar de construir o que está parado e em andamento. Se o Pronto-Socorro estive concluído hoje já estaria obsoleto. A demanda é muito grande. Por isso a gente fala em fazer mobilidade, saneamento e educação para a saúde. Desde a creche precisamos ensinar as crianças a comerem certo para evitar obesidade, prevenção em casa para evitar doenças tropicais (dengue, zika vírus, chikungunya), e com isso vamos formar uma nova geração. É em quatro anos? Não, em vinte, trinta anos, mas alguém tem que começar”.

INVENTÁRIO DE CARBONO

Para solucionar o problema de água e esgoto da Capital, o candidato propõe um inventário de carbono e gases poluentes emitidos na Grande Cuiabá. “Devemos cobrar [os emissores] e investir o dinheiro para fazer esgoto, recuperando o meio ambiente, principalmente o rio Cuiabá. 22% do esgoto de Cuiabá são coletados e tratados. A última gestão, que vai concluir no dia 31 de dezembro, fez 4% [de serviços de saneamento], 1% ao ano. Se continuar nesse ritmo, parado do jeito que está, nós vamos levar 78 anos para concluir”.

ZONA DE CONFORTO

O atual modelo de gestão municipal está na “zona de conforto”, diz. “Nós viemos para descolocar o modelo político atual da zona de conforto. O camarada promete que vai mudar saúde, educação e segurança e na eleição seguinte só muda a ordem – segurança, educação e saúde. Mas não entrega nenhuma das coisas. O futuro depende da ação de hoje. Nós vivemos para ter qualidade de vida, queremos ter vida e vida em abundância”.

Santtana afirma que é fundamental “fazer valer” os contratos de concessão do transporte público, para que, assim, o cuiabano tenha uma maior qualidade no trânsito. “Como fazer um transporte público de qualidade? É executar o contrato, vale o que está escrito. Hoje qualquer veículo deprecia rapidamente; com cinco anos deprecia totalmente, e está pago. Então, a cada cinco anos deveria ter um veículo novo, não deveria? Temos que executar o contrato, aumentar as linhas de ônibus e ouvir se o atendimento está de qualidade. O cidadão quer pagar pelo serviço e receber o serviço”. 

Uma das maneiras para se arrecadar verba para o município seria o turismo. “Nossa vocação é prestar serviços. Nós temos uma riqueza muito maior que não se traduz em moeda que é a nossa cultura. Explorar muito melhor a cultura, transformar em dividendos para o povo. Nosso turismo é pouco explorado. Devemos trazer as pessoas de todo o Brasil para conhecer nossa cultura. Estamos perdendo o ‘insight’”. 

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Redação

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