Quatro metais pesados em alta concentração foram encontrados na área da foz do Rio Doce, no Norte do Espírito Santo, segundo o relatório produzido pela Marinha do Brasil. O resultado da pesquisa, que ficou sob sigilo durante três meses, foi liberado nesta terça-feira (19) pelo Ibama.
O relatório se baseia nas amostras coletadas pelo navio Vital de Oliveira, em novembro de 2015. Apesar de a expedição ter sido motivada pelo rompimento das barragens em Mariana, o resultado não aponta que a contaminação veio dos rejeitos da lama.
O cenário da área pesquisada na época revela a concentração de arsênio, manganês, selênio e chumbo acima do limite estabelecido pela resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
O diagnóstico identifica alta concentração de metais em duas regiões: na de águas salinas do tipo I, que corresponde a área marítima próxima à foz, e na água doce, coletada no Rio Doce.
Na água salina, há alta concentração de arsênio, manganês e selênio. Já no Rio Doce, além do manganês e selênio, também foi encontrado chumbo.
A concentração dos metais apresentaram resultados diferentes, apesar das amostras 005/2015 e 006/2016 serem colhidas no dia 19 de novembro e na mesma região.
Em ambas, o manganês apresentou concentração duas mil vezes maior na água doce do que o limite estabelecido pelo Conama, de 100 mg/litro. Já o chumbo e o selênio apresentam alta concentração em somente uma das amostras.
Consequências
A professora de Ecologia Sigrid Costa classificou os resultados como preocupantes, devido ao riscos que os metais, em excesso, podem causar ao corpo.
“O chumbo, em qualquer proporção, traz prejuízos ao ser humano, assim como o arsênio, que é considerado tóxico e atinge o sistema nervoso e consequentemente vários sistemas. Já o manganês dificulta a captação de oxigênio e o selênio causa problemas de pele”, declarou.
Sigrid também alerta para a necessidade de atuação dos órgãos públicos, diante do resultado. “A população precisa ser informada sobre a pesquisa. Ela impacta diretamente na vida das pessoas”, enfatizou.
O próprio relatório sugere, nas considerações finais, que “os impactos do acúmulo dos metais, principalmente aqueles em maiores concentrações, deve ser objeto de acompanhamento pelos órgãos públicos competentes”.
Fonte: G1