O relator da CPI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), criticou a gestão do Ministério da Previdência após o Estadão revelar que o dono de uma empresa contratada para fornecer serviços de telemarketing a aposentados e pensionistas acompanhou a licitação de dentro da pasta e teve agenda com o ministro Wolney Queiroz, então secretário-executivo.
“Olha como aqui a gente não tem um minuto de descanso, presidente. Quando nós pensamos que estamos colocando sob transparência e integridade o sistema de previdência… Isso não pode acontecer no País”, disse Gaspar nesta segunda-feira, 1.º, se dirigindo ao presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG).
A Provider, de João Luiz Dias Perez, foi contratada por R$ 117,7 milhões após vencer um dos dois lotes da concorrência aberta em junho de 2023 para operar a Central de Atendimento 135 para 13 Estados, a partir de Caruaru (PE), até janeiro de 2027.
A sessão de lances do pregão eletrônico para seleção das empresas foi aberta às 10h do dia 22 de junho de 2023 e só foi encerrada às 17h20. Diaz Perez passou a maior parte desse período dentro das dependências do governo.
Os registros de entrada e saída da portaria, no bloco F da Esplanada dos Ministérios, mostram que o empresário entrou no local às 10h14 e lá permaneceu até 17h32. Portanto, de 14 minutos após o início da sessão remota do pregão até 12 minutos depois de ela ser finalizada.
A agenda pública do então secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, registra que ele recebeu o sócio da Provider nesse dia, entre 12h e 13h, enquanto os procedimentos da licitação estavam em andamento.
“Isso é independente de partido político. Nós estamos com o INSS de novo sob ataque. É isso que está em questão aqui”, afirmou Gaspar na sessão do colegiado.
Procurada, a pasta disse que a licitação era imune a influências externas e foi encerrada com deságio de 20,23% sobre o custo estimado. Mas destacou que, a partir das informações apresentadas pela reportagem, o ministro Wolney Queiroz determinou a instauração de processo para “apuração da eventual presença” do dono da empresa em outras agendas dentro do ministério.



