Circuito Cinema

Regina Duarte sobre filmar sem make: ‘Não foi fácil’

 
Animada com o trabalho, Regina participou de um debate aberto ao público, realizado no Espaço Itaú de Cinema, na Rua Augusta, na região central de São Paulo, para divulgar a trama.
 
Dona de risadas marcantes, a atriz mostra bom humor até para falar da parte do processo em que precisou ficar livre de maquiagens para filmar. “Não foi fácil, realmente. Fiquei chocada. Pensei: ‘não vou aguentar, não posso ver’. Doeu. Tirei todos os espelhos de perto.”
 
Além de aparecer com um visual menos glamouroso do que costuma ser vista na TV, Regina tem uma outra postura ao andar no longa. O diretor Rafael Primot usou a técnica de colocar pesos, cada um de dois quilos, nos braços e pernas de Regina. "Ele colocou os pesos nas minhas pernas e nos meus braços. Não aparecem, claro, pois são cobertos pelo figurino. Desse jeito, eu não andava, me arrastava pelo set”, contou.
 
Fora dos padrões
 
Cheia de personagens marcantes na carreira na TV, pontuada por novelas de sucesso como Selva de Pedra (Globo, 1972),  Roque Santeiro (Globo, 1985), Vale Tudo (Globo, 1988), Por Amor (Globo, 1997) e O Astro (Globo, 2011), além de seriados como Malu Mulher (Globo, 1979) e Retratos de Mulher (Globo, 1993), Regina contou o que a fez aceitar o convite para o filme
 
“A proposta é absolutamente fora dos padrões e me atraiu. Coisas diferentes têm muito por aí, muitas são bizarras. Nem sempre o bizarro é de qualidade, eu acho. Mas há bizarros de qualidade. Aos 50 anos de carreira, já fiz muita coisa e é bacana fazer o que é diferente”, diz. “O novo acontece. Eu não ter essa amargura de valorizar o passado, como faz minha personagem. No filme, o papel da Bárbara Paz critica isso: ‘só o tempo de vocês que era bom, só as coisas que vocês faziam eram dignas e bacanas…’. Tento sempre pensar no que há de bom agora. Nem sempre é fácil, mas é preciso valorizar o hoje.”
 
Na opinião de Regina, há ofertas de novidades mesmo na TV. “Muita coisa nova surgiu na teledramaturgia. E tenho o maior orgulho de fazer parte, tenho que agradecer diariamente. Sempre trabalhei me divertindo muito. Tenho paixão e energia pelo meu ofício”, afirma ela, que acredita que a personagem Malu, de Malu Mulher, tenha sido um desses marcos. “Malu foi uma personagem com uma postura muito mais liberta. A Malu inaugurou um novo patamar no Brasil.”
 
Preconceito artístico
 
“Acho que existe mesmo um preconceito das partes mais favorecidas com o que é mais simples. Claro que eu não quero ficar ouvindo axé todo o dia, mas tem um axezinho aí que eu gosto, cara. Eu respeito. Tem que olhar com generosidade. Se tanta gente gosta, deve ter algum valor”, diz.
 
“Teve uma pessoa que falou para mim: ‘Você tem que fazer teatro na Praça Roosevelt!’. Eu adoro o pessoal da Praça Roosevelt, mas a minha pegada é outra. Por exemplo, posso adorar fazer uma peça na Roosevelt, mas a senhorazinha da Mooca que viu as minhas novelas vai sair de lá pensando ‘puuuuxa…’ Ela vai entender? Eu não quero que ela sinta saindo humilhada do teatro”, disse a atriz, referindo-se à região central de São Paulo, famosa por apresentar peças de teatro do circuito alternativo.
 
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Redação

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