Cidades

Região de Várzea Grande está abandonada

Logo quando se atravessa uma das pontes que liga Cuiabá e Várzea Grande, encontramos a região da Grande Cristo Rei. Embora a localidade devesse ser referência no Estado, pelo fato de estar situada ao lado da Capital, o que se vê é um verdadeiro ‘cenário de guerra’. Ruas esburacadas, esgoto a céu aberto e moradores de rua instalados pelas esquinas. Uma verdadeira vergonha, que não supera a troca de prefeitos que alcançou sete durante quatro anos no município.

 Logo que se adentra as ruas dos bairros da região, já é possível reparar a dificuldade dos veículos em transitar por ali. Buracos de tamanhos que tornam as passagens praticamente impossíveis. O mecânico Márcio Almeida é prova disso.

Morador da região desde quando nasceu, há 45 anos, ele já perdeu as contas de quantas vezes teve que arrumar a suspensão do próprio carro. “É muito buraco que tem na região, misturado com esgoto espalhado. Tenho muito cliente que vem mais de uma vez no mês na minha oficina atrás de conserto no carro, por conta dessa buraqueira toda”, desabafou.

E o cheiro de esgoto não atrapalha só o senhor Márcio. A vendedora Jéssica Gonçales, que mora na região há um ano e meio, disse que o mau cheiro vindo das valas chega a ser insuportável, e que isso tem prejudicado os clientes que chegam à farmácia onde trabalha.

“Direto as pessoas reclamam desse esgoto correndo a céu aberto. Tem perigo até de alguém se sujar enquanto anda na rua, para ir trabalhar ou ir para algum compromisso importante. É um absurdo ver isso em uma cidade como Várzea Grande. Mas o que se pode fazer? É esperar para que algo aconteça”.

Já o feirante Cleber Alves reclamou da segurança. Ele, que tem uma barraca de frutas instalada em uma praça na região, disse que nunca sofreu qualquer tipo de ocorrência, mas que já viu e ouviu muitos casos na região.

“Tem muito morador de rua jogado nas esquinas e suspeitos que rondam a região. Várias lojas daqui já foram assaltadas mais de uma vez e as pessoas, a cada dia, estão com mais medo de andar nas ruas do bairro. Eu mesmo fico temeroso de estar aqui, mesmo sem nunca ter acontecido nada diretamente comigo ou com a minha barraca. Mas mesmo assim, é motivo para se preocupar”.

Nova subprefeitura

Desativada há dez anos, desde o último mandato do ex-prefeito Jaime Campos (DEM), a subprefeitura de Várzea Grande retomou as atividades com o objetivo de melhorar a região do Grande Cristo Rei, ocupada por 72 bairros que vão do aeroporto até as proximidades da Ponte Sérgio Mota, geridos por 67 presidentes.

Dentre os representantes nomeados pela atual prefeita da cidade, Lucimar Campos (DEM), está Íder Jacintho da Silva. Indicado para comandar a subprefeitura de Várzea Grande, o gestor apontou diversas ações de recapeamento na região, que foram feitas logo na primeira semana de mandato.

“Um dos principais projetos que temos, antes mesmo de assumir a subprefeitura, é a manutenção das ruas da região. Os moradores reclamam constantemente desta situação, que estava insustentável. Então, a partir do grupo do ‘G-100’, que criamos para acompanhar os anseios dos moradores, recolhemos as ocorrências e estamos tentando resolver aos poucos. Acredito que em 30 dias o problema dos buracos será resolvido”.

A decisão foi reforçada pela prefeita, que logo nos primeiros dias de gestão frisou a recuperação das principais vias e avenidas da cidade por meio de uma ação emergencial (tapa-buracos). Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, em 120 a atuação das equipes será intensa, com a intenção de recuperar 50% do asfalto deteriorado da cidade esteja com a trafegabilidade restabelecida.

Dentre estas iniciativas, o sub-prefeito destacou que as principais vias da região já foram contempladas com o projeto, que tende a se estender a todos os bairros do Grande Cristo Rei. “Havia ruas intransitáveis, que eram impossíveis de passar com o carro, mesmo com o grande fluxo. Agora estamos fazendo uma força-tarefa para que a pavimentação chegue aos bairros”.

Desta forma, o subprefeito pretende atender também na resolução do esgoto a céu aberto. Ele revelou que em torno de seis caminhões são escalados para distribuir em média 100 toneladas de massa asfáltica na região.

Sobre a segurança, Íder disse que diversas ações estão sendo levantadas para atender a população. Entre elas está a promoção de algumas palestras junto ao Batalhão Militar da região, para que a comunidade se informe mais sobre quais medidas tomar. Isto, além da retomada de projetos engavetados pelas antigas gestões.

“Reabrimos a padaria que vai produzir dezenas de pães para a comunidade mais carente e também a ‘vaca mecânica’, que produz leite de soja, que da mesma forma que a padaria, vai atender pessoas que precisam de ajuda”.

Subprefeitura?

Órgão comum em cidades grandes, como São Paulo, a criação da subprefeitura foi recebida com estranheza por parte de alguns moradores ‘novatos’, uma vez que Várzea Grande está longe de ser uma metrópole. Íder analisa que o município é grande em extensão, e que por isso necessita da pasta para atender os principais anseios dos cidadãos.

“Era difícil para o maquinário da prefeitura se deslocar do centro para chegar até aqui. Até por conta do trânsito intenso que temos na região. Por vezes, eles tinham que sair de madrugada para executar algum projeto pela manhã. Por isso, a subprefeitura foi criada para atender esta população e dar mais acesso aos moradores”.

Ele ainda explica que a subprefeitura funciona como o Executivo municipal, no entanto as ocorrências são devidamente encaminhadas às pastas indicadas ao invés de serem atendidas de prontidão. Para ele, outras regiões deveriam ser beneficiadas também.

“Moradores agora podem receber atendimento como se estivessem na prefeitura, e não precisam pegar dois ou mais ônibus para resolver algum problema. Aqui eles podem pagar o IPTU, registrar alguma reclamação, entre outros serviços. Agora estamos mais próximos da população”, afirma.

 

Noelisa Andreola

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