Por que comemorar o Dia do Trabalho quando a taxa de desemprego no Brasil atinge 14 milhões? O 1º de maio nasceu em 1886, em Chicago, quando milhares de trabalhadores protestaram contra as condições desumanas de trabalho e a submissão de 13 horas diárias. No Brasil, a data foi consolidada em 1924, na presidência de Artur Bernardes.
O trabalhar é visto por alguns como gratificante, por outros como suplício. Para os povos indígenas, o que é o trabalho? Ser militante ou simpatizante da causa indígena ainda é muito complicado. Entre outros motivos, refiro-me à mídia que quase sempre lança informações incompletas e, não raro, errôneas que contribuem fortemente para avivar na população não índia uma aversão aos indígenas, engrossando o caldo do preconceito. Essa situação piora quando a mídia sensacionalista coexiste à inexistência de diálogo entre índios e governo. Mas o que tem a ver isso com o Dia do Trabalho?
Na concepção indígena, trabalhar deve também estar associado ao lúdico. Uma menina possui brinquedos representativos do sexo feminino, de tamanho menor, inseridos em um processo de aprendizagem. Em expedições, leva à cabeça um pequeno cesto-cargueiro para a guarda da coleta. Seu cesto aumentará de tamanho à medida que for crescendo. Meninos também trabalham/aprendem/se divertem com objetos que utilizarão no trabalho em sua vida adulta. Miniaturas de arcos e flechas estão nas brincadeiras, quando iniciam a prática da linha de mira em pequenos répteis, pássaros e insetos.
Para que haja a reprodução física, cultural e espiritual dos povos indígenas, a terra precisar ser reconhecida como a base para uma multiplicidade de direitos, como o direito à alimentação e à nutrição adequadas, assim como para todos os cidadãos brasileiros que dela necessitam para seu sustento.
Com 14 milhões de desempregados (destes, 4,3 milhões, a maioria pardos e negros, estão em situação de desalento, que deixaram de procurar emprego), o Brasil precisa efetivar ações pontuais: reforma agrária, redistribuição de renda e economia solidária.