A atuação de facções criminosas em Mato Grosso já se estende por uma rede com diversas frentes de execução. Seus componentes participam de roubo de defensivos, assaltos a bancos, passando por tentativas de infiltração nos presídios estaduais de canais de contatos.
A operação das organizações aparece nos tipos de inquéritos abertos em 2019 pela Polícia Civil e no número de pessoas presas que são ligadas a grupos como Comando Vermelho e PCC. Conforme a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) no ano passado foram realizadas 122 prisões em atuações de repressão a diferentes crimes.
Oitenta inquéritos instaurados referentes a apurações de roubos e furtos a instituições financeiras, de defensivos agrícolas, crimes de extorsão mediante sequestro, outras situações ilícitas sobre facções criminosas. Setenta e cinco estão concluídos.
O foco das ações do GCCO foi o combate ao roubo de agrotóxicos. “Os crimes em propriedades rurais aterrorizaram muito agricultores e funcionários, causando até dificuldades na contratação de mão de obra. Com base em um trabalho especializado desenvolvido na GCCO foi possível desarticular a principal quadrilha atuante no estado nesses tipos de crimes”, disse Flávio Stringueta, delegado titular do grupo de combate.
A operação “Fim da Linha” deu cumprimento a 16 ordens judiciais contra a principal organização criminosa especializada em roubos de defensivos agrícolas no estado, sendo recuperado durante as investigações mais de R$ 2 milhões em defensivos agrícolas.
Os mandados foram cumpridos em Cuiabá, Primavera do Leste, Poxoréu, Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde. As investigações duraram cerca de um ano, conseguindo desarticular a principal organização criminosa especializada nesse tipo de crime.
Por meio de ações de inteligência e análise de dados, a GCCO conseguiu mapear e identificar 11 fazendas situadas em diversos municípios, as quais foram vítimas do mesmo grupo criminoso.
No mês de outubro, uma carga de defensivos agrícolas avaliada em R$ 1,2 milhão foi recuperada em ação da GCCO em Lucas do Rio Verde (357 km ao Norte da Capital). Durante as diligências houve confronto entre os policiais e os criminosos, resultando em um policial, que foi ferido de raspão, e três integrantes da quadrilha atingidos.
Presídios
Uma das ações de destaque deflagrada em 2019 foi a Operação Assepsia para combater a entrada de aparelhos celulares em unidades prisionais do estado. Foram 15 ordens judiciais decretadas pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá, sendo sete de mandados de prisões e 8 de buscas e apreensões, com base em investigações da gerência.
No dia 6 de junho, na Penitenciária Central do Estado (PCE) foram localizados 86 aparelhos celulares, dezenas de carregadores, chips e fones de ouvido. Todo o material estava acondicionado na porta de um freezer que foi deixado naquela unidade para ser entregue a um dos detentos. Equipes da GCCO estiveram na PCE e verificaram que não havia nenhum registro de entrada ou mesmo informações sobre a entrega do referido eletrodoméstico.
Diante da inconsistência das informações, todos os agentes penitenciários presentes foram conduzidos até a Gerência e questionados sobre os fatos. No mesmo dia, a autoridade policial determinou a apreensão das imagens do circuito interno de monitoramento da unidade, que foram extraídas por meio da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec).
Por meio dos depoimentos, da análise das imagens e conteúdo de aparelhos celulares apreendidos e ainda, da realização de diversas diligências, foi possível identificar e comprovar de maneira robusta, os responsáveis pela negociação e entrega do freezer recheado com os celulares.
Lavagem de dinheiro
Deflagrada em maio, em parceria com a Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), a operação “Mantus” foi uma das maiores ações da GCCO em 2019 e teve como alvo duas organizações criminosas envolvidas em lavagem de dinheiro e contravenção penal denominada “Jogo do Bicho”.
A operação deu cumprimento a 63 mandados judiciais, sendo 33 de prisões preventivas e 30 de buscas e apreensões domiciliares, expedidos pelo juiz da 7ª Vara Criminal Cuiabá.
As investigações iniciaram em agosto de 2017, conseguindo descortinar duas organizações criminosas que comandam o jogo do bicho em Mato Grosso, e que movimentaram em um ano, apenas em contas bancárias, mais de R$ 20 milhões.
Durante as investigações foi identificada uma acirrada disputa de espaço pelas organizações, havendo situações de extorsão mediante sequestro praticadas com o objetivo de manter o controle da jogatina em algumas cidades.
Agências bancárias
Um dos focos das investigações da Gerência de Combate ao Crime Organização está relacionado a ocorrências de roubos/furtos a agências bancárias e arrombamentos de caixas eletrônicos, tanto na Capital, quanto no interior do estado.
Em uma das ações realizadas no ano passado, a GCCO prendeu sete suspeitos envolvidos no furto de caixas eletrônicos da agência do Banco do Brasil, no CPA II, em Cuiabá. Quatro dos suspeitos foram autuados por crimes de furto qualificado, mediante utilização de explosivo e associação criminosa. Outro dois foram detidos com drogas e arma e autuados por tráfico de drogas.
Logo após essa abordagem, policiais da GCCO descobriram que o dinheiro furtado estaria em uma residência no bairro Santa Amália, na Capital, onde outros criminosos tentavam limpar as cédulas manchadas com tinta vermelha em virtude da explosão, sendo apreendidos R$ 102.750,00 no local.