Cerca de 30 servidores do Hospital Geral José Luiz Pangella da Vila Penteado, na zona norte da capital paulista, deixaram seus postos de trabalho na semana passada e participaram de um ato para informar a população sobre os problemas da instituição, cuja gestão é do governo do Estado. Faltam, segundo os funcionários, materiais básicos como gazes, tubos para coleta de exames de sangue, luvas e fraldas.
"Recebi ordem da enfermeira para dar banho e colocar no paciente a fralda usada", diz uma servidora à reportagem do iG, que esteve no local.
Nos fundos do hospital há diversas macas e equipamentos sem uso. Tudo exposto a céu aberto. Outro problema apontado pelos manifestantes: a seca que afeta o local comprometeria inclusive a assepcia de funcionários e pacientes.
Os problemas com a falta de água, segundo os profissionais, ocorrem desde novembro. "Já veio até caminhão-pipa aqui", diz uma servidora. Há pelo menos 20 dias, uma obra da Sabesp na região teria minimizado o problema – mas não solucionado.
Na recepção das visitas na maternidade, a reportagem flagrou que o sanitário e as duas pias do banheiro masculino não tinham água. Palavras de uma funcionária: "Não tá funcionando, é? É que às vezes fecham o registro."
Pronto-socorro
No PS da instituição, outra lacuna: não havia pediatra no atendimento. "Fiz plantão aqui no domingo (8) passado e deixamos de atender uma criança em crise respiratória porque não tinha pediatra. Removemos em uma ambulância para outro hospital. No meio do caminho, quebrou o balão de oxigênio e foi preciso fazer respiração boca a boca para que ela chegasse viva no outro hospital", relatou um médico ao iG.
O profissional, que pediu anonimato, enfatizou que a falta do pediatra persistia até aquele momento, bem como a de um cirurgião geral. "Estamos sem poder fazer cirurgias. Temos apenas uma máquina para fazer eletrocardiograma para todo o hospital", denunciou.
O eletrocardiograma fica no térreo e foi emprestado pelo Hospital Dante Pazzanese, localizado na zona sul. Se um paciente da UTI precisar do exame, precisa ser deslocado para o térreo do hospital para fazê-lo.
O hospital dispunha de duas máquinas de eletrocardiograma. Ambas apresentaram defeito e ainda não voltaram do conserto.
Em resposta ao material apurado, a Secretaria Estadual de Saúde enviou nota oficial:
"O Hospital Geral de Vila Penteado lamenta que alguns funcionários, filiados ao SindSaúde-SP, ligado à CUT, e que faz oposição sistemática ao governo do Estado, transmitam informações falsas à imprensa, com objetivo de confundir a população.
Sobre obra realizada pela Sabesp, o hospital informa que os reparos foram realizados na tubulação da rua. Mas em nenhum momento os pacientes da unidade ficaram desassistidos ou sem água por conta desse reparo.
É falsa a informação de que faltam materiais, como gazes e luvas, no hospital. Os estoques desses insumos estão regularizados, e a reportagem do iG está convidada a verificar os estoques."
Fonte: iG