Para comemorar o Dia Nacional da Cultura, 5 de novembro, em homenagem ao aniversário de nascimento de Rui Barbosa (1849-1923), jurista, político, escritor e diplomata brasileiro, recorremos a Boaventura de Sousa Santos. Disse recentemente o sociólogo português: “Eu acho que qualquer ato contra a barbárie é um ato de cultura. Cultura é tudo aquilo que luta contra a barbárie”. E a barbárie é construída pelos modelos hegemônicos econômico e político.
O Brasil, um país plural, tem muito a comemorar. Sem dúvida, é uma data festiva porque a diversidade das culturas que desenha o país é incontestável e responsável por colori-lo. Mas, ainda que a Constituição Federal reconheça e proteja os diversos seguimentos sociais formadores do povo brasileiro, garantindo “a todos o pleno exercício dos direitos culturais”, há muito o que fazer. Ao percorrer a trilha proposta por Boaventura de Sousa Santos, um dos primeiros passos é rejeitar a “monocultura do saber”, isto é, recusar a ideia de que o único conhecimento legítimo é o saber eurocêntrico, o saber do norte. A este modo de pensar o mundo, o sociólogo denomina de “razão indolente”.
Ao contrário, está passando da hora, da hora da felicidade coletiva, de o Brasil viver em harmonia e em alegria a diversidade cultural que lhe dá identidades; que todos possam acreditar que “não existe pecado ao sul do Equador”; que as epistemologias do sul nos lembrem de que temos que viver o sul, que temos que aprender a ir para o Sul, que temos que pensar a partir do sul para o sul. É nos habituarmos a todos os tempos do verbo “sulear”, conjugado pela primeira vez por Paulo Freire, em substituição ao verbo nortear.
É hora de lembrar aos próprios brasileiros o que é que o Brasil tem. O Dia Nacional da Cultura deve ser um convite a todos a deixarem “a tristeza pra lá”, e todos no grande banquete tropical a comer/festejar a diversidade cultural: sarapatel, caruru, tucupi, tacacá”, arroz com pequi, farofa de banana, feijoada, beiju, chicha, churrasco, acarajé, pão de queijo, maniçoba…