Segundo o boletim médico, Melo teve perda do globo ocular esquerdo por ação de corpo estranho. Os médicos descartam a hipótese de ele ter sido atingido por projétil de arma de fogo, mas não fazem menção à bala de borracha. A favela foi desocupada hoje pela PM, em ação que deixou pelo menos 12 feridos.
A mãe do entregador, Maria da Conceição Gonçalves, de 42 anos, acusa policiais do Batalhão de Choque de terem atirado na direção do seu filho, durante a desocupação do prédio da empresa Oi, no Engenho Novo, na zona norte. Maria foi à 25.ª Delegacia de Polícia (Engenho Novo). Nervosa e chorando muito, ela disse que queria "registrar um boletim de ocorrência. O Choque cegou meu filho", disse.
Márcia contou que Maycon trabalha com carteira assinada, é casado e tem dois filhos. Mas ele e a mulher moram em casas separadas, cada um com sua mãe, por não terem como pagar o aluguel. "Ele foi para a ocupação para ter a independência dele e da família. Ele é trabalhador, tem outros dois bicos fixos", afirmou.
Márcia disse que houve "um massacre". Segundo ela, os moradores da ocupação estavam dormindo, às 5h15, quando a polícia chegou. "Ele estava tentando sair do barraco, quando levou o tiro. No hospital disseram que ele está cego. Eu tinha esperança, é meu único filho. Ele era meus olhos, minhas pernas. E agora?", desabafou Márcia, que teve a perna esquerda amputada quando criança. "Eu disse para o policial do Choque: você cegou o meu filho. E ele me disse um palavrão".
Estadão