Neste ano, o Brô MC’S comemora 10 anos de carreira. Desde que surgiu, vem ganhando espaço no cenário musical e cultural do Brasil e do exterior. Brô Mc’s é um grupo de rap formado por quatro indígenas da etnia Guarani Kaiowa da aldeia Jaguapirú, Dourados, Mato Grosso do Sul. O grupo, composto por Bruno Veron, Clemerson Batista, Kelvin Peixoto e Charlie Peixoto, é considerado o primeiro rap indígena do Brasil e tem como proposta a valorização da cultura indígena. Suas composições, cantadas em guarani e em português, refletem o cotidiano vivido na aldeia: luta pela demarcação das terras indígenas, suicídios, preconceito, exclusão social, desigualdade, violência física.
Em maio deste ano, no Museu Weltkulturen, da aldeia para Frankfurt, Alemanha, participaram de seminários e workshops com escolas e a Universidade de Frankfurt e apresentaram seu trabalho em um show. No evento “Palavras Fortes – Alma Forte”, o grupo indígena de rap trocou experiências sobre a cultura indígena e a cultura alemã, o papel da música, da poesia, da dança e da língua, do mundo globalizado. Estudantes da Popakademie Baden-Wurttemberg, conservatório público alemão de música popular, tocaram com os rappers indígenas.
O Museu Weltkulturen, que possui um acervo de objetos oriundos de diversas parte do mundo, incluídos artefatos de indígenas do Brasil, promoveu duas exposições relacionadas ao Brasil: “Entre Terra e Mar – Arte Transatlântica” e “Variações do Corpo Selvagem, fotografias de Eduardo Viveiros de Castro”, esta última em colaboração com o SESC São Paulo.
As vozes dos rapazes indígenas em canções rappers poderiam ser ouvidas pelo Estado brasileiro, especialmente no ano em que a Constituição Federal completa 30 anos. Seria um caminho diferente para sensibilizar nossos governantes, já que a violência contra os povos indígenas – aumento do número de assassinatos, suicídios e mortalidade infantil – não é suficiente para tomada de sérias e urgentes decisões.