Opinião

Raios cinematográficos à lua pela fresta

Pela fresta do canto da janela do espaço que tocava para sua mirrada figura olhava para a lua. Ela que, gigante, ocupava o céu noturno e ainda sobrava pendurada entre o recorte dos prédios vizinhos.

Se tudo é super e hiper na vida, vamos reverenciar a lua, tão tua, tão nua. Olha que no meio de tanta coisa malocada ser nua é um arrojo! Onde esconder seus segredos? Só se for na noite e ela estiver bem escura.

Sem os raios coloridos que cruzavam a pista de dança do Vitória, espaço do Joquey Club, no Rio de Janeiro, que acolheu a festa de 16 anos do Canal Brasil na entrega do Grande Prêmio Canal Brasil de Curtas Metragens. O vencedor – escolhido entre os premiados pelo Canal nos Festivais de Cinema Brasileiros – foi Ed, animação 3D de Gabriel Garcia. Noites assim podem ser boa companhia. Pena que não durem mais que uma noite! Pelo menos acalentam sonhos e arte…

Aí, vem o dia e a fresta clareia a realidade nua(!) e crua.

A vida segue enquanto termina a primeira fase da delação premiada, depois do silêncio diante da corte dos parlamentares. Alguns envolvidos, acusados de serem parte relevante da suruba. O arquivo informa que levou um milhãozinho e meiota de reais da Petrobrás no passa anel de Pasadena. (homenagem à mãe, usando o manto da desordem mental que a mantém por aqui)

Agora, todo mundo se comporta, pelo menos nas próximas semanas, como arauto da moralidade. Em compensação no mano a mano o pau come solto. Valendo, inclusive, golpes abaixo da cintura. As eleições batem a porta das urnas (in)violáveis ao som do jingle da Caixa Econômica, propaganda eleitoral do governo federal onde Paula Fernandes e Almir Sater propagandeiam a fartura na porta do trabalhador. Aviões passeiam pelos céus com dinheiro vivo para as campanhas. Juntos, santinhos de candidatos abrigados na cabine do jatinho. Pegam um! Mas, é lógico, não pegam geral.

Tudo vislumbrado pelo vão da fresta do quartinho enquanto aguarda a visita salvadora de Pluct, Plact, o alienígena, para saber das últimas novidades antes da prometida e não cumprida recuperação do raio (olha ele aqui de novo) propulsor que não carrega nem por um decreto. Segundo consta, talvez haja uma chance de deixar esse mundo quando o tempo ficar menos seco, a umidade relativa do ar voltar para um nível razoável, chover nas cabeceiras para encher a Cantareira…

Resumindo: vai demorar. E, nesse intervalo, o extraterrestre se propôs a dar uma ajudinha e, além de manter as informações relevantes chegando pela fresta, quem sabe, armar um plano de fuga salvando a pobre cronista das ondas que insistem em castigar sua praia.

Na floresta a vida continua cabeluda, mas isso não é novidade. Poucos lêem e quando o fazem, preferem não acreditarem no que ouvem. E só se fala em educação. Exatamente os mesmos que “revolucionaram” o setor mais importante do país nos últimos anos.

Piada, não é? Seria se, de um tempo para cá, tudo não tivesse virado loucura. Assim não há anedota que sustente uma conversa. Nem de botequim. O que adianta ir passear se não dá para trocar uma ideia? É mais ou menos como ficar aqui, olhando o nada quase nu pela janela.  Porque a lua se escondeu depois de escorregar até seus reflexos derradeiros nos vidros vizinhos dos prédios laterais.

Depois da Cheia, veio a Minguante…

Lua (zinha)que já trouxe a primeira novidade: os escoceses plebicitaram que preferem ficar guardadinhos sob as abas do chapéu da rainha inglesa. Coitado do Wallace…

 

Valéria del Cueto

About Author

Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Ponta do Leme”, do SEM FIM... delcueto.wordpress.com

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