Desta segunda (28) até a outra segunda (4), o G1 publica os perfis dos oito candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. A ordem de publicação foi definida a partir das intenções de voto da pesquisa Ibope divulgada no dia 19 de julho. No caso em que houve empate, foi usada a ordem alfabética.Transcorria mais da metade do tempo da entrevista quando dois assessores falavam baixo entre si com inquietação. O tempo do governador é precioso. Alheio à agitação, o candidato explicava por que havia determinado que só se lançaria à reeleição caso fosse acordada a renegociação da dívida pública com a União. Caso contrário, um eventual segundo mandato teria uma "taxa de estabilidade razoável, mas sem inovação". "Eu quero que meu segundo governo seja inovador, que seja uma continuidade com avanços", acrescenta, reconhecendo, no entanto, que a declaração também serviu para pressionar o PT e o governo.
Sorvidas e roncos no chimarrão se alternavam a uma fala mansa, por mais polêmico que fosse o assunto em questão. Críticas à imprensa apareceram em momentos distintos da conversa. Para Tarso, algumas reportagens são veiculadas com o objetivo de promover um ponto de vista ideológico, devido ao que chama de "poder do capital financeiro sobre a imprensa". "Não se trata de ser contra o Tarso ou contra o PT. O processo de formação de opinião pautado pela grande imprensa em termos globais leva a entender que a grande saída para a crise do capital são as reformas neoliberais", dispara.
Há 22 anos, Tarso teve o que considera a maior alegria de sua vida política: foi eleito prefeito de Porto Alegre na eleição municipal de 1992. "Moldou a minha ação política posterior, até hoje", diz. Dez anos mais tarde, no entanto, o político tomaria a única grande decisão que, se pudesse, voltaria atrás: se colocou à disposição para disputar a eleição para o governo estadual em 2002, na qual foi derrotado por Germano Rigotto. "Foi originária de uma tensão interna do partido, que era real e teve responsabilidade de ambas as partes do partido, mas eu deveria ter sabido evitar a apresentação do meu nome", lamenta.
Passado o pleito, Tarso foi convidado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atuar na Esplanada. À frente da pasta da Educação, se orgulha por ter idealizado o Programa Universidade para Todos (Prouni). "É uma revolução na educação superior", elogia, ressaltando não ter sido o criador da "parte técnica", que considera "genial". Titular da Justiça, assinou o texto da lei que prevê o Piso Nacional do Magistério, hoje tão cobrado do Piratini por professores e adversários.
Um acordo com a Justiça definiu o pagamento de um completivo salarial aos professores que ganham menos que o piso, sem ter reflexos no plano de carreira, o que desagradou a classe. A justificativa é que, ao contrário do que havia planejado quando ministro, o aumento é corrigido conforme o Fundeb. "Até hoje ninguém entende direito o que é", avalia.Tarso também teve de lidar com os protestos de junho de 2013. "Aquilo que é tensão política", recorda. E ainda foi assombrado pelo incêndio da boate Kiss, "o maior abalo emocional da vida". Apesar de toda dificuldade, a motivação para seguir governando está em um misto de confiança e comprometimento. Ele está certo de que é o melhor nome do PT. "Não é pretensão individual, é responsabilidade cívica", garante.
Na sua opinião, qual o principal problema do Rio Grande?
O principal problema do Rio Grande do Sul foi a letargia no desenvolvimento econômico e social do estado, que estava bloqueado por uma visão reducionista das funções do estado e pela ausência de uma capacidade de atrair e financiar investimentos.
E a maior virtude?
Tem uma dupla virtude no Rio Grande do Sul, que tenho salientado sempre. Primeiro, a diversidade da nossa base produtiva. Temos desde o agronegócio do nosso estado, passando pela agricultura familiar e cooperativa, e indo até micro, médias e grandes empresas industriais qualificadas tecnologicamente. Essa diversidade é a nossa maior vantagem comparativa.
Como o senhor vai melhorar a vida dos gaúchos nos próximos quatro anos?
A vida dos gaúchos já está mudando. Temos índices muito firmes disso. E nossa visão de mudança para o próximo período é acelerar o desenvolvimento econômico e social do estado com atração de investimentos, com captação de investimentos do governo federal, com aumento de financiamentos de programas e projetos e com o foco na educação e na segurança pública, que são setores que evoluíram neste período, mas ainda não o suficiente, porque eram setores que estavam muito desmantelados.
G1