O presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou nesta terça-feira (19) o telefonema em que falou com o líder da Ucrânia, Volodmir Zelenski. "Conversei com ele. Lógico, tem uma turma de 600 mil pessoas no Paraná descendentes da Ucrânia. Eu sou presidente do Brasil. Quero a solução [da guerra], quero a paz", disse o chefe do Executivo brasileiro, durante conversa com apoiadores.
Bolsonaro não deu mais detalhes da conversa com o ucraniano. Por meio de suas redes sociais, Zelenski informou nesta segunda-feira (18) que conversou com o presidente brasileiro por telefone sobre exportações de grãos ucranianos, com o objetivo de evitar uma crise alimentar global, e sanções contra a Rússia.
"Tive uma conversa com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Eu o informei sobre a situação no front [da guerra]. Discutimos a importância de retomar as exportações de grãos ucranianos para evitar uma crise alimentar global, provocada pela Rússia. Faço um apelo a todos os parceiros para que se juntem às sanções contra o agressor", afirmou Zelenski.
No último domingo (17), Bolsonaro disse que não iria sugerir nenhum tipo de solução para a guerra na Ucrânia, provocada pela Rússia. "Não vou propor, e quem sou eu para propor isso? Eu vou responder de acordo com o que ele perguntar. Pretendo falar para ele o que eu acho se ele perguntar para mim alguma coisa. Onde pudermos colaborar, vou dar minha opinião. Só vou dar se ele pedir", afirmou o presidente.
Na semana passada, porém, Bolsonaro tinha dito que uma possível saída para a guerra seria a rendição dos ucranianos. Ele comparou a atual situação à da Guerra das Malvinas, conflito entre a Grã-Bretanha e a Argentina, em 1982, que terminou após as tropas argentinas se renderem.
Questionado sobre a intenção de dar esse conselho a Zelenski, o presidente desconversou. "É uma questão de Estado. Isso não pode vazar. É segredo de Estado. São dois países que têm sua importância. Um é bélico, nuclear. O outro não é um país nuclear, é uma potência das commodities [aquilo que se produz em grande quantidade para ser exportado]", analisou.
O telefonema de Bolsonaro para Zelenski foi o primeiro diálogo entre os líderes desde o começo do conflito, iniciado no dia 24 de fevereiro. Até hoje, o chefe do Executivo brasileiro nunca condenou a invasão por parte da Rússia e mantém os laços comerciais com os russos.
Nas últimas semanas, inclusive, ele anunciou que "está quase certo" um acordo com a Rússia para a compra de diesel. Durante conversa com apoiadores nesta terça-feira, Bolsonaro retomou o assunto. "Essa negociação de diesel com a Rússia podia ter sido feita no ano passado, no ano retrasado. Por que não fizeram? Eu não vou dar resposta para vocês", disse.