O pernambucano Lenine achou o que procurava. Veio para ser a atração convidada pela Sesi Big Band (antecedida pelo balanço do acordeon cheio de suingue forró jazzístico do sergipano Mestrinho), numas das noites da etapa do Fest Bossa & Jazz – Circuito 2016, em Pipa, município de Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte. O festival aconteceu entre 24 e 28 de agosto, primeiro em Natal e, depois, na lendária praia potiguar, considerada uma das mais lindas do Brasil.
O cantor, compositor e orquidófilo (tão apaixonado a ponto de lançar o CD Labiata, se referindo a Cattleya labiata, espécie de flores grandes, perfumadas e floridas), aproveitou para ver a floração da Cattleya granulosa, em Touros, a 65 quilômetros ao norte de Natal, no litoral norte, “onde há uma grande concentração da espécie, belíssima” explicou entusiasmado, momentos antes de subir ao palco para sua apresentação diante de um público estimado em 15 mil pessoas pela organização do evento.
O que privilegia o local são as condições provocadas pelos ventos trazidos do Atlântico carregados de maresia. As dunas são o habitat da Cattleya granulosa. Nesse tipo de terreno é produzida uma composição de turfa fibrosa, com a mistura de detritos animais e vegetais na superfície do solo. Semelhante ao xaxim é ideal para seu desenvolvimento, o que explica a concentração da espécie nativa da região.
Os ventos que ventam lá os mesmos que fizeram da tranquila São Miguel do Gostoso um point descrito como o local “onde o vento faz a curva”. Objeto de desejo dos aficionados do kitesurf e do windsurf. O Gostoso de São Miguel vem de um antigo morador local que recebia hóspedes e visitantes e gostava de contar causos, finalizados por gargalhadas… gostosas. Quando São Miguel se emancipou do município de Touros, passou a ser chamada de São Miguel de Touros. Os moradores, num plebiscito, trocaram o “sobrenome” para homenagear o agora inesquecível Seo Gostoso.
Já deu para notar que muitas paixões podem trazer você para o Rio Grande do Norte. A indústria turística é carro chefe e vitrine para o desenvolvimento do estado. Mola propulsora para tentar reverter e crise e gerar renda para a população. Esse é um dos objetivos do Projeto RN Sustentável. Ele investe e capacita, por meio de um acordo de empréstimo do Banco Mundial, agricultores e artesãos. Aprimora suas técnicas e leva para os mercados nacionais e internacionais produtos alimentares, como castanhas e geleias produzidas por agricultores familiares, e o rico artesanato local.
É com alegria que a comunidade e o governo devem ter recebido a notícia, divulgada nesse último final de semana pela Folha de São Paulo, sobre a o 1° lugar do Rio Grande do Norte no Ranking de Eficiência dos Municípios – Folha (REM-F). Recém-lançado para consulta pela internet, ele mede quais prefeituras brasileiras entregam mais saúde, educação e saneamento com menos recursos. Com apenas 6 municípios na faixa dos ineficientes e 98 na dos eficientes, entre o 22° (0,610) e o 1315° (0,500) lugares, deixa nosso Mato Grosso comendo poeira na 22° posição entre os 26 estados, com apenas Luciara aparecendo na faixa dos municípios eficientes, na 933° posição, com o índice 0,514. A seguir vem Lucas do Rio Verde já na faixa dos com apenas alguma eficiência, no 1407° lugar, com 0,496. O índice de receita per capita inferior, majoritariamente dependente de recursos públicos, não impede que o conjunto de municípios nordestinos localizados em mesorregiões potiguares e também cearenses, supere em eficiência inclusive a regi
ão Sul, por cobrir de forma mais satisfatória os serviços básicos necessários. Interessante, não?
Prometo para as próximas crônicas semanais algumas histórias colhidas pelas praias, dunas e outras atrações potiguares que ajudam conhecer algumas peculiaridades locais.
Como já deu para perceber, lá no Rio Grande do Norte, quem procura… acha!
*Viagem realizada a convite da Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte.