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Quem é o cardeal defensor do meio ambiente e ameaçado de morte em seu país que pode virar papa

A África é o continente onde a Igreja Católica mais cresce em todo o mundo, adicionando milhares de novos fiéis a cada ano. Assim, o cardeal Fridolin Ambongo Besungu, da República Democrática do Congo (RDC), é um dos nomes mais fortes, ao lado do cardeal Peter Turkson, de Gana, para se tornar o primeiro papa negro da história da Igreja

Besungu, de 65 anos, foi ordenado cardeal pelo papa Francisco e ocupa o cargo de arcebispo da capital de seu país, Kinshasa, desde 2018. Ele é considerado um cardeal conservador, por se opor à bênção para a união de pessoas do mesmo sexo, que considera “uma prática contraditória de acordo com as normas culturais e intrinsicamente pecaminosa”.

Embora os católicos sejam maioria na República Democrática do Congo, eles vêm enfrentando perseguições e mortes por parte do grupo Estado Islâmico. Neste contexto, Besungu é considerado como um “destemido advogado” da Igreja.

Em uma entrevista em 2020, entretanto, ele falou a favor da pluralidade religiosa ao dizer: “Deixem os protestantes serem protestantes; os muçulmanos serem muçulmanos. Nós vamos trabalhar com eles, mas cada um deve manter sua própria identidade”. Esse comentário poderia levar alguns cardeais a questionar se ele abraça a missão da Igreja Católica, que é de levar sua fé para todo o mundo.

Besungu condena a exploração de recursos naturais de forma ilegal – uma prática recorrente em seu país – e defende o uso das energias renováveis para mitigar o impacto das mudanças climáticas. Em uma entrevista concedida em março de 2015 em Roma, ele afirmou que “o futuro é a energia renovável, ou seja, painéis solares”. Pelo combate ao garimpo e extração de óleo ilegais, o cardeal já foi ameaçado de morte.

O cardeal foi um crítico contumaz das repetidas tentativas do então presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, de impedir novas eleições em seu país e postergar sua saída do cargo, defendendo a ideia de que isso criaria um precedente ruim. Besungu esteve à frente da negociação de um acordo que garantiu eleições em 2018. Ele também é considerado um religioso muito conectado com a realidade das periferias.

Estadão Conteudo

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