Opinião

Quem és tu?

Nos últimos tempos nosso mundo tem alterado cada vez mais seu padrão vibracional e com isso movimentando a forma consciêncial da humanidade em relação aos vários aspectos ligados a vida humana.  Em meio a essa frequente e pulsante alteração que é entendida de formas diferentes pelos vários segmentos sociais, a espiritualidade tem se tornado ora a pedra do caminho para alguns, bem como a flor do caminho para os outros. A religião, todos sabemos, longe da visão de uma instituição, é acima de tudo uma busca; a religião é o processo de busca que o homem pode fazer indo ao encontro daquilo que de mais sublime existiu em sua essência inicial e pura, dessa forma, a religião pode ser entendida como uma instituição, mas também pode ser entendida como uma frase, uma ideia, algo que possibilite ao religioso ir ao encontro de sua origem. Isso me faz lembrar da situação quase infantil que tivemos em 2014 quando um Juiz Federal afirmou que as correntes afro-religiosas não poderiam ser religiões pois as mesmas não seguem um texto base o que, na sua visão, seria o elemento definidor de uma religião; por sorte o mesmo se lembrou das suas aulas de filosofia e reconsiderou seu pronunciamento, embora, não sem antes ser foco de uma série de matérias e criticas pelo mundo todo.

O elemento inicial de um caminho religioso, de um caminho de busca, de reencontro, é possuir um padrão de caminhada, ou seja, uma visão religiosa que guie seu caminho até que chegue no x do tesouro procurado. Meu Mestre de Iniciação, Me. Obashanan, diz que “Quem não sabe onde quer chegar, nunca chega a lugar algum”, uma frase simples mas que resume toda a situação atual dos movimentos religiosos, em especial o meio esotérico-espiritualista de modo geral. Nós vivemos em uma época onde o passado ancestral não tem mais valor para os que buscam a espiritualidade, na verdade, o que a grande maioria deseja, são novidades onde o ego possa ser coroado com o brilho do poderio de um suposto líder ou profeta, ou que conceda a pessoas conhecimentos que a façam ser alguém com supostos poderes, e, ou, supostas iniciações, etc . A religião que inicialmente e verdadeiramente é a essência da busca está sendo deixada cada vez mais de lado para dar lugar aos palcos dos homens onde o conhecimento, o brilho, a roupa, os livros, ou a quantidade de seguidores se tornam os elementos definidores da santidade religiosa de alguém, ou seja, a religião, no coração de muitos, está deixando de ser a busca do “EU” inicial ligado a Divindade primordial para se tornar a busca “DELE”. Não é difícil ver isso, as nossas TVs, jornais e revistas, e-mails,  estão repletas de manifestações “DELES”, no meio esotérico muitas pessoas se ligam a pessoas e não a doutrina que a mesma prega, é como se o expoente fosse mais importante e válido que o produto que o mesmo expõe,  mas, a pergunta que não pode e não quer calar é quem somos nós na busca que traçamos? Até que ponto a minha origem, a minha essência real, está sendo buscada em meu suposto caminho religioso? A visão que tenho de espiritualidade é na real uma visão de desejo de satisfação material, egocêntrica, maquiada de um suposto desejo de espiritualidade? .

Todos temos a liberdade total nos dada pela Essência Criadora para trilharmos nossos próprios caminhos seguindo nossas escolhas, obstante, é função dos religiosos alertarem os buscadores de que a humanidade não se mistura com a espiritualidade, na verdade elas se manifestam, uma a outra, mantendo suas características originais, dessa forma, é importante saber qual o desejo que te motiva a ser religioso, seja qual for sua religião condutora, para saber sempre se ainda se encontra no caminho seguindo seu ideal, pois, placas de igrejas não existem no astral , mas sim valores vivenciados.

O culto ancestral se baseia sempre nessa ideia: é no encontro com o passado que entendemos o presente e caminhamos rumo ao futuro. Ao contrário do que muitos pensam, a essência da razão da manifestação das Entidades Incorporantes não é fazer o desejo das pessoas, o que, aliás, é uma ideia infantilmente ridícula, mas sim dar a elas razão para continuarem o caminho rumo ao futuro se baseando nas experiências dos antepassados, e é essa também a essência da religião, ajudar-nos a trilharmos o caminho, pois, na verdade, as religiões mais antigas se baseiam no testemunho de fé dos Ancestrais.

Mesmo que você não seja religioso, assim mesmo você trilha um caminho. Quando olhares para frente na necessidade de continuar a caminhar, do fundo de ti alguém perguntarás “quem és tú e em que lugar desejas chegar?”; essa é a pergunta que não pode calar mas que apenas você pode responder.

Saravá.

CRISTIAN SIQUEIRA

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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