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Quem é a ex-nora de Lula investigada pela PF por desvios no Ministério da Educação

Uma ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é apontada por uma investigação da Polícia Federal como uma das responsáveis por liberar recursos do Ministério da Educação (MEC) para uma empresa investigada por suspeitas de fraudes em licitações e desvios de recursos públicos. Carla Ariane Trindade foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva, filho da ex-primeira dama Marisa Letícia, que foi adotado por Lula ainda na infância.

Procurada, a defesa de Carla Trindade informou que já solicitou acesso aos autos e somente irá se manifestar após o conhecimento integral da investigação. O Estadão procurou a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto e as defesas dos outros citados na investigação, mas eles não se manifestaram até o momento. O MEC também não se manifestou.

Carla e Marcos foram casados por quase 20 anos, mas se separaram legalmente em 2010. Eles são pais de Thiago Trindade da Silva. Os três estavam reunidos com os pais de Carla, por volta das 6h de quarta-feira, 12, no momento em que a PF chegou ao endereço da mulher em Campinas, no interior de São Paulo, para cumprir um mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Coffee Break. Marcos foi quem recebeu os policiais, que passaram pouco mais de 1h30 no local. O passaporte de Carla foi apreendido, assim como um celular, um computador e um caderno de capa dura.

A investigação é relacionada a empresa Life Tecnologia Educacional, do empresário André Mariano, que recebeu cerca de R$ 70 milhões para fornecimento de kits e livros escolares para três prefeituras do interior de São Paulo. Segundo a PF, ele vendia o material superfaturado e desviava os valores para empresas de fachada. A Life Tecnologia Educacional foi procurada, mas não se manifestou.

Os policiais chegaram ao nome de Carla após a quebra do sigilo de mensagem de Mariano. Na agenda do empresário apreendida pela PF, o contato da mulher estava salvo como “nora” – uma referência ao seu antigo parentesco com Lula – e “amiga de Paulínia”.

De acordo com a investigação, Mariano contratou Carla para obter vantagens junto ao governo federal. A 1ª Vara Federal de Campinas disse, na decisão, que os indícios apresentados pela PF mostram que “Carla parece ter ou alega ter influência em decisões do governo federal” e que ela teria viajado pelo menos duas vezes a Brasília, em janeiro e maio de 2024, com passagens custeados por Mariano. “[…] a dinâmica dos agendamentos, muitas vezes corroborados por outros arquivos, demonstra que Carla defende os interesses privados de Mariano junto a órgãos públicos, principalmente na busca por recursos e contratos”, diz a decisão.

A investigação identificou também que Carla fez viagens a Brasília acompanhado de Mariano. A PF encontrou anotações no celular de Mariano que vinculam Carla a uma possível atuação no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão vinculado ao MEC.

O inquérito pediu a quebra do sigilo das comunicações de Carla para identificar se ela conseguiu obter favorecimentos à empresa junto ao governo federal. Além da mulher, a PF investiga se o empresário Kalil Bittar também foi contratado por Mariano para fazer parte do esquema.

Estadão Conteudo

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