Que me apedreje a mão que foi um dia
a fonte de carícias, de prazeres,
que teve sobre mim vitais poderes,
e agora só me causa essa agonia.
Que me apedreje! Cause-me sofreres!
Produza, dentro em mim, mortal sangria,
estrangulando o amor que tanto cria,
pois assim mesmo são humanos seres.
A mesma mão que agora está erguida,
de tudo, dos candores esquecida,
parece mais o relho de um feitor.
Pouco me importa, sim, que tudo finde,
a minha taça eu ergo e faço um brinde,
em nome do passado desse amor.
Edir Pina de Barros é membro da Academia Brasileira de Sonetistas e da Academia Virtual de Poetas de Língua Portuguesa. Seus poemas estão disponíveis em vários livros, antologias, revistas eletrônicas e nas mídias sociais. É doutora e pós-doutora em Antropologia pela USP, professora aposentada (UFMT). Nasceu no Mato Grosso do Sul e hoje reside em Brasília.