Ao viver mais uma vez a festa de carnaval, compartilho com vocês um poema de autoria de Seu 7 da Lira, “Quarta-feira de cinzas”:
“Quarta feira de cinzas, dia inútil e vazio, E minha alma viúva do último dia de carnaval.
Nas ruas um resto de confeti, Um cheiro de lança-perfume, Um gosto ativo de saudade.
Foi o que ficou do meu carnaval, E nesse momento encerro, e olho o tempo que passa.
E acompanho o seu enterro afinal. E nesse silêncio me acalmo, é como uma vela acesa, me traz a sensação de que estou velando a minha própria alma.
Carnaval é o sonho da máscara negra, De lança-perfume, serpentina e confeti.
De pierrot, alequim e colombina. Baseado nisso, digo que um pouco de mim floriu a música de Zé Kéti.
Desfolhou a beleza as nossas vistas, alcançou e teve a glória da conquista. E nós continuaremos a sonhar com a semente que hoje plantamos, possa dar frutos e ramos.
Sonhando novos sonhos coloridos de branco, preto e vermelho, sem nos mirar no turvo espelho.
Sonhar faz bem ao coração da gente.
Desfrutar a beleza da coroa real do carnaval, era esse o meu sonho, mas o fruto seria medonho.
Por isso prefiro a coroa de palha de cana do meu eterno canavial. Pois é grande a missão e a minha jornada,
E ainda me chamo Exu das 7 Encruzilhadas. Pelos quatro cantos do mundo, entre o céu e a terra,
Eu sou Exu das 7 Encruzilhadas. Me perguntar por que canto carnaval, E essas coisas que eu digo, escrevo e encantam, Como posso fazê-las, é o mesmo que perguntar às fontes por que correm, às ondas por que espumam, e ao céu por que possui estrelas.
Deus quis ser poeta e revelou toda a beleza. O poeta quis ser Deus e traduziu em versos toda a natureza. Deus fez o homem para revelar-se e servindo-se de um verbo humano que desceu.Talvez a teu poder manifestar-se faça de cada um poeta, um apóstolo teu.”
Seu 7 da Lira