Opinião

QUARESMA: A CELEBRAÇÃO DA TERRA

Todos já ouviram ao menos uma vez na vida o termo quaresma, católicos ou não. Esse é o nome que se dá ao período de 40 dias no qual o orbe cristão rememora e celebra o sofrimento de Cristo Jesus nos seus últimos 40 dias de vida na terra até a crucificação.  Exatamente por ser um período de rememoração amarga, ligada ao luto, os cristãos vivem esse período com sacrifícios, privações e preces, tendo o intuito de, através da busca pelo espiritual, viverem esse momento mais próximos de Cristo encontrando-se com ele por meio do sofrimento e contemplação que marcam esse período de sua curta vida terrena.

A Quaresma é uma celebração da terra; ela é um período em que a aridez da terra, a seca, o áspero, se encontra palpitante dentro de cada um. O próprio número 40 quando em decomposição numérica alcança o número 4, o número do 4° elemento natural que é a própria terra. A ligação do 4, da terra, com períodos críticos é inquestionável; podemos usar por exemplo os 40 dias passados no deserto por Cristo ou os 400 anos em que Deus não se manifestou aos judeus através de profetas (período representado pela página em branco que nas Bíblias dividem o Antigo do Novo Testamento). Esse período sagrado é marcado nas igrejas pela cor roxa, a mesma cor que brilha em nossos chacras básicos e que se encontra ligado às aspirações e desejos terrenos do homem. Ainda em relação à cor roxa, devemos nos recordar dos Senhores da Terra da visão africana, divindades da palha (da morte, daquilo que é oculto, do sofrimento) e que se manifestam utilizando-se da cor roxa, lá na África ou em qualquer outro lugar.

No passado, templos espiritualistas trocavam a Chefia Espiritual das Casas durante a Quaresma. No lugar do Dirigente Espiritual de fato vinha outra entidade, ligada ao elemento terra, para chefiar a Comunidade e ali permanecia naquela função até que terminasse o período de quarentena. Um ato profundo que possui raízes na própria história cristã: segundo vários escritos dos grandes Místicos Cristãos, tal como Maria de Jesus de Ágreda, durante os últimos 40 dias de Cristo na terra ele diariamente se dirigia ao Templo com seus discípulos para ouvir o ensinamento dos sábios mais antigos. Privava-se da pregação a seus discípulos passando essa função aos mais antigos, exatamente a mesma ação que ocorre nas Comunidades quando, durante a Quaresma, uma energia mais ligada à terra, à maturidade, se manifesta de forma positiva e atuante. No final de tudo, a Quaresma é a celebração da terra não apenas por conta do elemento terra mas sim porque nela recordamos a manifestação de amor do Senhor da terra para com seus filhos. Não é à toa que a manifestação imagística do elemento terra se dá em forma de cruz, linhas retas, exatamente o sinal do madeiro que no alto do Gólgota se tornou o Santo Lenho.

Maranatha!   

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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